Em meio à controversa possibilidade de mudança na presidência da Petrobras, a empresa tem mais um desafio adicional a enfrentar: a pressão sobre os preços dos combustíveis. A defasagem entre os valores praticados no Brasil e no mercado internacional atingiu 18% para a gasolina e 13% para o diesel, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Embora essa discrepância seja significativa, vale ressaltar que, no caso da gasolina, está levemente abaixo dos patamares registrados em agosto do ano passado, quando a defasagem da gasolina rondava os 20%. Já em relação ao óleo diesel, que se aproximava dos 30%, a diferença é maior.
A recente escalada nos preços das commodities intensifica ainda mais essa pressão. O preço do barril de petróleo Brent ultrapassou os 90 dólares e há projeções indicando uma possível chegada aos 100 dólares até agosto ou setembro, conforme destacado por analistas do JPMorgan e do banco francês Société Générale.
Entre os fatores que contribuem para esse aumento nos preços da commodity estão a decisão conjunta dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de reduzir a produção, as tensões geopolíticas entre Israel e Irã, as sanções americanas à Rússia e os ataques a petroleiros no Mar Vermelho.
Além disso, a estabilidade cambial e os preços de referência da gasolina e do óleo diesel desempenham um papel significativo, especialmente com o dólar se mantendo acima de 5 reais, influenciando os custos dos produtos importados. Como o Brasil não é autossuficiente no refino, a empresa é obrigada a importar parte do combustível para atender à demanda do mercado. Por isso, os preços praticados no exterior afetam diretamente as contas da companhia.
A tentativa de conter a inflação por meio do congelamento dos preços dos combustíveis foi uma estratégia recorrente de governos petistas, apesar dos prejuízos anteriores que essa medida acarretou tanto para a empresa quanto para o país e, por isso, a defasagem atual dos combustíveis gera preocupações nos investidores. Essa abordagem pode resultar em consequências negativas a longo prazo, comprometendo a saúde financeira da Petrobras e a estabilidade econômica.