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Demanda por carros deve subir após pandemia, mas não vai ajudar montadoras

Embora as vendas de modelos novos e usados tenha caído no último mês, os preços subiram; no curto prazo, segurança sanitária pode fomentar o mercado

Por Alexandre Salvador Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 set 2020, 17h50 - Publicado em 24 Maio 2020, 10h00

O já combalido segmento de automóveis do Brasil sofreu um duro baque com o agravamento da pandemia do coronavírus no país. Além da paralisação total da produção das fábricas, os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que houve queda vertiginosa nas vendas no último mês em relação ao mesmo período de 2019 — 73% para os modelos novos e 83% no segmentos de usados. Mesmo assim, os preços dos carros apresentaram elevação. Um levantamento feito pela Kelley Blue Book Brasil, empresa que monitora a flutuação dos preços de automóveis, observou a alta do valor de mercado de automóveis e utilitários seminovos (ou seja, com até 2 anos de uso) em oito das dez categorias analisadas.

“Este movimento pode ser explicado com a possível desistência de uma parcela de consumidores em adquirir modelos 0 km, devido à maior cautela com o orçamento. Desta maneira, os modelos seminovos, que possuem maior apelo ao custo-benefício, podem absorver esta demanda”, afirma o texto do relatório. No levantamento feito entre o período de 14 de março, bem no início das medidas de isolamento social, a 30 de abril, até mesmo carros populares apresentaram expressiva valorização. No último dia do mês passado, um Ford Ka ano 2018 apresentava valor de mercado 10% superior do que antes da pandemia. Ou seja, para quem tem um carro com até 20 000 quilômetros parado na garagem, este pode ser um bom momento de passá-lo para frente.

E por que comprar um carro agora – Com a maioria das concessionárias fechadas para o acesso tradicional de clientes, resta aos fabricantes apostar em alternativas de como chegar até o possível comprador. Muitas montadoras começam a apostar no serviço de delivery, algumas engatinham em estratégias digitais, como realidade virtual. O vendedor leva o carro devidamente higienizado ao endereço do interessado para fazer um test drive e a negociação segue de maneira remota. Mesmo em período de incerteza econômica, muitos brasileiros ainda consideram comprar um carro novo. De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, 30% do 1.000 entrevistados estão mais propensos a comprar um automóvel depois da crise da Covid-19.

Entre os argumentos apontados pelos que responderam positivamente à pesquisa repetida em 11 países, o que foi mais mencionado foi o da sensação de segurança que o carro particular traz. E no contexto atual, essa segurança pode ser também sanitária, dado o maior risco de contágio do coronavírus no transporte público ou carros de aplicativo. “Normalmente, a demanda de compra e venda de carros está relacionada com a oferta de mobilidade de uma determinada região. Agora, mesmo em uma grande metrópole como São Paulo, onde há vários meios de se locomover, as pessoas podem voltar ao carro particular em função da crise sanitária pela qual passamos”, disse Ricardo Bacellar, líder do setor automotivo da consultoria KPMG.

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