O desemprego incentivou novos empreendedores a entrarem no setor de franquias, segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising). Nos últimos 12 meses, encerrados em novembro, o Brasil perdeu 178 mil empregos com carteira assinada.
“Há um movimento de pessoas que participaram de PDV (Programa de Demissão Voluntária) e saíram do mercado buscando a franquia como oportunidade para abrir um negócio. Quem investe no franchising são pessoas com alma de empreendedor e que estão muito mais informadas e conscientes do que é o negócio”, afirmou o presidente da ABF, Altino Cristofoletti Junior.
Ainda segundo ele, também foi registrado um grande crescimento de empreendedores que já possuem franquias e decidiram investir em novas unidades.
Mesmo que os dados sejam positivos, o setor de franquias registrou um crescimento tímido de 1% no número de empregos durante 2017. A previsão da ABF é de que a alta alcance 3% em 2018.
O Brasil encerrou o terceiro trimestre de 2017 com 12,6 milhões de pessoas desocupadas, aqueles sem emprego, mas que estão em busca de oportunidades.
As mulheres ainda são minoria neste setor (18%), enquanto os homens são os principais executivos de 82% das 50 maiores franquias brasileiras.
Segundo ranking da ABF, O Boticário é a maior franquia em operação no Brasil, com 3.762 unidades. Enquanto a loja de conveniência, AM PM, aparece na sequência (2.415 unidades).
A Cacau Show, em terceiro lugar, registrou um crescimento de 36 franquias durante 2017. Em outubro do ano passado, o fundador da marca, Alexandre Costa, afirmou que 99% dos pedidos de novos franqueados são reprovados.
Segundo Cristofoletti, as redes que estão consolidadas não têm muita oportunidade pra introduzir novos franqueados. “Porque os que já estão lá são, naturalmente, os que vão abrir novas unidades”.
As grandes redes presentes no Brasil estão predominantemente nos segmentos de alimentação (34%) e serviços educacionais (18%), mas é o segmento de saúde, beleza e bem-estar que surpreendeu em 2017, com crescimento de 4%.
“As redes de franquia neste segmento utilizaram da diversificação de modelos para manter o crescimento e chegar mais próximo ao consumidor. A venda direta, por exemplo, foi muito presente e fez com que as redes alcançassem mais mercado e resultados consideráveis”, afirmou a gerente de Inteligência de Mercado da ABF, Vanessa Bretas.
A expansão do canal de vendas também foi uma carta na manga para as redes que tiveram crescimento entre 2016 e 2017. “As franquias aumentaram a penetração em outras regiões [além do Sudeste], investindo em outros formatos, como os quiosques. Com isso, conseguiram manter sua expansão e crescimento – isso foi muito importante em 2017 e permitiu que elas continuassem mantendo seu faturamento mesmo em anos difíceis como 2015 e 2016”.
Segundo a ABF, o faturamento do setor em 2017 deve saltar para 163 bilhões de reais. Em 2018, a expectativa é de crescimento entre 9% e 10%.
Ainda de acordo com a associação, a baixa inflação, a queda da taxa básica de juros, a melhora dos índices de confiança do consumidor e do empresariado e a retomada do crescimento do varejo e da atividade industrial foram alguns dos fatores que contribuíram para o resultado positivo de 2017 e a previsão de melhor desempenho em 2018.