Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Discussões políticas atrasam envio de recursos a estados e municípios

Com congelamento de aumento a servidores públicos em pauta, dinheiro estimado pelo projeto de auxílio a estados e municípios não sai das contas da União

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h34 - Publicado em 15 Maio 2020, 19h37
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Nosso pacote de gastos em combate ao coronavírus é maior do que a de todos os países emergentes e maior que a média entre os países desenvolvidos”, repetiu o ministro Paulo Guedes em coletiva realizada no Palácio do Planalto na tarde desta sexta-feira, 15. Numa fala que durou quase uma hora, o chefe da Economia dissertou, com a criatividade e criação de metáforas (nem sempre tão felizes) de sempre sobre diversos assuntos: isolamento, gastos públicos, investimentos privados e medidas legislativas para atrair investimento e melhorar o ambiente de negócios do país — além de, claro, bater e rebater na tecla da contribuição pedida ao funcionalismo público para que não peça aumento durante o período da pandemia. “Vamos aproveitar de um momento desse, da maior gravidade de uma crise de saúde, e vamos subir em cadáveres para fazer palanque? Vamos subir em cadáveres para arrancar recursos do governo?”, criticou ele.

    A vigorosa defesa tem um motivo: na aprovação do texto que prevê o repasse direto de 60 bilhões de reais para os entes federativos, Guedes costurou junto ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a contrapartida de que os estados e municípios não pudessem conceder aumento a funcionários públicos durante 18 meses. O Senado fez algumas concessões e permitiu que os reajustes fossem propiciados para servidores, dos âmbitos civil e militar, que atuem diretamente no combate à pandemia. A Câmara afrouxou mais ainda e inseriu uma série de profissões no rol dos beneficiados, como agentes funerários, de limpeza urbana e assistentes sociais.

    “As medalhas são dadas após a guerra, não antes da guerra”, atacou Guedes nesta sexta aqueles que, segundo ele, usam o momento em que o “gigante está caído” para bater a carteira do país. Outros 60 bilhões de reais serão adensados às contas de estados e municípios por meio de diferimentos e suspensão do pagamento de dívidas. O presidente Jair Bolsonaro se comprometeu publicamente com o ministro da Economia a vetar as mudanças engendradas pelo Congresso Nacional e vetar as alterações, com as quais a equipe econômica soma um alívio de 130 bilhões nas contas da União. “Conversei com Paulo Guedes, a Economia está trabalhando na questão dos vetos. Vamos atender 100% o Paulo Guedes”, afirmou o presidente no último domingo 10. 

    Depois, o presidente, como de praxe, recuou e disse que vai conversar a respeito do veto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), governadores e prefeitos. “Ele pretende, juntamente comigo, fazer videoconferência com governadores de todo o Brasil e ali sair compromisso no tocante a possível veto ou não de artigos desse projeto”, disse ele nesta quinta-feira 14, em frente ao Palácio da Alvorada. Motivo pelo qual Paulo Guedes, na coletiva desta sexta, apelou para que os congressistas mantivessem o provável veto de Bolsonaro.  “Trabalhe por isso, presidente Rodrigo Maia”, pediu ele, apelando para um sentimento cívico por parte do Congresso Nacional. O problema é que a lengalenga e embates entre os poderes Executivo e Legislativo atrasam (e muito) os repasses, não só os para as contas de estados e municípios.

    Continua após a publicidade

    Como mostra o monitor de VEJA atualizado semanalmente, o Governo Federal vem enfrentando problemas para fazer as políticas que, segundo Guedes, beiram o investimento de 1 trilhão de reais, chegar as pontas. Com a ladainha sobre o veto ou não à prerrogativa envolvendo o funcionalismo, os entes federativos, com as contas na navalha, esperam. Do dinheiro estimado pelo projeto de lei, nada saiu das contas do Tesouro Nacional ainda e os repasses a estados e municípios, que assistem ao loteamento dos hospitais e a míngua de negócios fechados e pessoas impedidas de trabalhar pelas corretíssimas medidas de isolamento social, somam risíveis 1,97 bilhão de reais.

    As tentativas partem do lado de medidas fiscais e monetárias, mas que até o momento, se mostram pouco eficientes. Mesmo com as medidas listadas acima e um arcabouço de outras estratégias lançadas pelo Banco Central — corte na taxa de juros, que foi a 3% ao ano, open banking, liberação de 200 bilhões em depósitos compulsórios e autorização para comprar títulos de empresas privadas dada pelo Congresso Nacional — a articulação está longe de alcançar os resultados esperados porque as instituições financeiras temem um descontrole sobre a inflação no futuro, o que levaria a uma reversão das medidas de estímulo e o risco de inadimplência, com a queda da renda e risco de demissão em massa.

    Fluente, o ministro Paulo Guedes inventou uma nova analogia para tratar sobre as medidas emergenciais para “proteger vidas e empregos”. Ele comparou o descalabro na saúde e a consequente crise econômica às asas de um pássaro ferido. “O pássaro, para voar, precisa das duas asas. Enquanto a saúde não estiver funcionando, uma asa está quebrada. A primeira asa foi ferida, vamos ferindo também a segunda”, poetizou ele. O que precisa chegar voando, ministro, é o dinheiro àqueles que mais precisam.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.