Dólar sobe a R$ 4,13, maior valor do ano, com tarifas da China aos EUA

Se o câmbio fechar nesse patamar, será o maior valor desde setembro de 2018; impacto também é sentido na bolsa, que cai 2,5%

Por André Romani Atualizado em 23 ago 2019, 15h04 - Publicado em 23 ago 2019, 13h19

O dólar comercial está em alta nesta sexta-feira, 23, com a imposição de tarifas adicionais da China aos Estados Unidos e a escalada das tensões entre os dois países, que estão em uma disputa comercial desde meados de 2018. Às 14h40, a moeda subia 1,3%, cotada a 4,13 reais na venda. É o maior patamar do câmbio no intraday (durante a sessão) no ano. Caso o desempenho se mantenha até o fechamento, será o maior valor desde 19 de setembro, período pré eleições presidenciais. Também às 14h40, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, despencava 2,57%, aos 97.438 pontos.

Após diversos avisos, a China, de fato, anunciou tarifas adicionais em produtos americanos. O valor é de 75 bilhões de dólares e as alíquotas vão variar entre 5% e 10% parte delas entra em vigor em setembro e outra em dezembro. Donald Trump já disse que vai retaliar.

A medida é uma resposta ao anúncio do governo americano, do início de agosto, de que vai impor tarifas de 10% sobre 300 bilhões de dólares em bens chineses. Assim como os chineses, os americanos vão dividir as tarifas entre setembro e dezembro. No Twitter, Trump afirmou: “Eu vou responder as tarifas da China essa tarde”, disse ele.

A escalada de tensões entre os dois países derrubou os mercados mundo afora. Nos Estados Unidos, às 14h40, o Dow Jones caía 2,06% e o S&P 2,20%. Na Europa, os índices tinham alta até quase o final do pregão, quando veio a notícia sobre as tarifas. O alemão DAX fechou em queda de 1,15% e o francês CAC 40 de 1,14%.

Pela manhã, o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos), Jerome Powell, fez seu aguardado discurso nos Estados Unidos. Powell disse que a economia dos Estados Unidos está em uma “posição favorável” e o Fed irá “agir conforme apropriado” para manter seu ritmo de expansão.

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Para Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset, Powell disse o básico que os investidores queriam ouvir. “Caiu bem para o mercado”, afirma ele. Por pouco tempo, a notícia segurou a queda dos mercados derivada das tarifas chinesas. Mas o movimento se inverteu. Os índices passaram a operar no vermelho e as moedas desvalorizaram frente ao dólar.

Na quarta, foi divulgada a ata da reunião do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto), órgão de política monetária do Fed, que definiu o corte da taxa de juros de 0,25 ponto percentual, em julho, o primeiro em uma década — mesmo assim, o movimento foi considerado insuficiente pelos investidores.

Cenário interno

A bolsa também sofre as consequências do cenário corporativo. A Polícia Federal deflagrou nesta sexta a 64ª fase da Operação Lava Jato, baseada no acordo de delação premiada celebrado entre o ex-ministro Antônio Palocci firmado com a PF. O objetivo é apurar irregularidades na venda de ativos da Petrobras ao banco BTG e informações de recursos contabilizados pela Odebrecht na planilha “Programa Especial Italiano”. As ações do BTG caíam, às 14h40, 14%, sendo o terceiro papel mais vendido na sessão. As ações preferenciais (que dão prioridade na distribuição de dividendos) da Petrobras estavam na primeira colocação, com queda de 3,3%.

Além disso, o governo da Finlândia, que atualmente detém a presidência rotativa da União Europeia, pediu que os países do bloco avaliem a possibilidade de banir a importação de carne bovina do Brasil por causa da devastação causada pelas queimadas na Amazônia. A notícia refletiu nas ações da JBS, que por volta das 14h40 caíam 2,83% e também da BFR, dona da Sadia, que tinham queda de 4,48%.

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