As incertezas políticas levaram o dólar a apresentar nova valorização nesta segunda-feira, 14, com investidores assumindo posições mais defensivas após a divulgação da pesquisa eleitoral. A moeda americana fechou em alta de 0,77%, cotada a 3,628 reais, maior valor desde 7 de abril de 2016. Durante o pregão, o dólar chegou a atingir o patamar de 3,64 reais.
A valorização foi influenciada pela última pesquisa eleitoral divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), que coloca o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) na liderança nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A preocupação do mercado, no entanto, é com os candidatos que aparecem na sequência, a ex-senadora Marina Silva (Rede) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que registraram, respectivamente, 11,2% e 9,0% das intenções de voto. Quase no limite da margem, de 2,2 pontos para mais ou para menos, aparece o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano caiu mais de três pontos em relação ao levantamento de março – eram 8,6%, agora são 5,3%.
“A pesquisa coloca a Marina e o Ciro em segundo lugar e isso levou a alta que tivemos hoje. A expectativa na abertura do pregão era que o mercado recuasse com as negociações entre Estados Unidos e China em relação às disputas comerciais, mas com a divulgação da pesquisa eleitoral tudo mudou”, explica o gerente de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante.
“O mercado refuta o Bolsonaro, mas a perspectiva é ele se manter com 20% das intenções de voto e a pesquisa evidencia isso. A preocupação principal é saber quem será o nome que vai competir com ele no segundo turno. Não vemos um candidato reformista ganhando espaço nas pesquisas”, comenta o gerente de câmbio da Treviso, Reginaldo Galhardo.
Conforme a pesquisa, Marina Silva, tem o maior potencial de ampliação de votos: 33,1% dos entrevistados declararam que ela é uma candidata em que poderiam votar. Neste quesito, a ex-senadora é seguida por Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, que tem 31,7% de “poderia votar”.
“O governador Geraldo Alckmin que tem a simpatia do mercado não decola nas pesquisas e já se fala, inclusive, em mudança de candidato no partido. Enquanto houver essa indefinição política e candidatos sem comprometimento com as reformas liderando as pesquisas, a tendência é que a moeda seguirá em alta”, considera Galhardo.
Para Cavalcante, essa será uma semana bastante volátil. “Além do cenário político, o Federal Reserve, banco central americano, deve divulgar os comentários sobre a política econômica e pode dar alguma indicação se serão dois ou três aumentos de juros nos Estados Unidos. A elevação de juros nos EUA tem impacto direto na cotação da moeda”, finaliza o analista da Ourominas.