Dólar sobe no mercado internacional após ata do Fed
Pressionado por títulos americanos, índice que mede a força do dólar subia 0,47% no fechamento das bolsas brasileiras; aqui, a moeda americana cresceu 1,13%
O dólar ficou ligeiramente mais caro no mercado internacional após a divulgação do “Minutes”, a ata do Comitê de Política Monetária (Fomc) do Federal Reserve Bank, o banco central americano, na tarde desta quarta-feira, 19. No fechamento do mercado, o índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de moedas, a principal delas o euro, ficava em alta de 0,47%, a 90,17, após três dias de baixas consecutivas.
Como este é um índice pouco volátil, trata-se de uma variação considerável para a moeda americana, que refletiu a sinalização dos membros do Federal Reserve na ata. O documento não trouxe evidências de mudanças na política dos juros do país e no ritmo de compras de ativos pelo Fed, mas a novidade ficou por conta de uma minoria de membros que alegaram querer começar a discutir uma alta dos juros nas próximas reuniões.
Essa sinalização pressionou os títulos públicos de dez anos nos Estados Unidos, balizadores do dólar e dos mercados globais, que estavam subindo 1,674% próximo ao fechamento do mercado. “A maioria dos participantes fala que não é hora nem de conversar sobre um aperto monetário, apesar de que alguns deles acreditam que, se não houver nenhum novo contratempo para a economia americana e ela continuar retomando da forma como está, é possível que nas próximas reuniões o assunto comece a ser comentado”, diz Victor Beyruti, analista da Guide Investimentos.
Por isso, a divulgação de indicadores como o CPI, que mede a inflação nos Estados Unidos, e o Payroll, que acompanha o desemprego no país, continuarão sendo acompanhados de perto pelo mercado e considerados cruciais para o direcionamento das bolsas americanas nos próximos meses. A preocupação sobre a inflação é latente, porém grande parte do mercado concorda com o Fed e acredita que a alta de preços é temporária, o que evitaria a necessidade da alta de juros.
“Sem dúvida nenhuma, a inflação a curto prazo vai subir, mas no longo prazo acredito que isso não deva se refletir. Nossa expectativa é que no terceiro trimestre ela comece a baixar e venha a níveis bastante comportados no final do ano”, diz Adriano Cantreva, economista da Portofino Investimentos. “Os próximos meses serão de volatilidade e o importante é que, mesmo com essa subida da inflação no curto prazo, as expectativas de inflação futura continuem ancoradas dentro da meta do Fed”, diz ele.
A pressão sobre a inflação é causada principalmente pelo desnível entre demanda e oferta de produtos após os fechamentos da economia na pandemia. Além disso, há a disparada dos preços das commodities ligadas a energia e alimentos, que também traz indícios de ser temporária. “A alta de commodities tem seus dias contados e dificilmente veremos uma escalada por muito mais tempo”, diz André Perfeito, analista da Necton Investimentos.
No Brasil, o real foi pressionado pela valorização do dólar no mercado internacional e ao risco fiscal do governo, que pressionou os juros futuros levemente para cima. Próximo ao fechamento do mercado, os juros DI com vencimento para fevereiro de 2023 estavam em alta de 0,5%, para 6,8%. Já o dólar comercial subia 1,13%, para 5,3129 reais. O Ibovespa, por sua vez, encerrou em queda de 0,28%, a 122.636,30 pontos, pressionado pelas quedas das bolsas americanas e das ações ligadas a commodities, em dia de realização de lucros. A siderúrgica CSN fechou em queda de 3,98% e a Vale, de 2,05%.