O dólar comercial subiu 0,5% nesta quarta-feira, 13, negociado em média a 4,1869 reais para a venda, atingindo a maior cotação desde 13 de setembro de 2018, quando a moeda foi negociada a 4,1957 reais – o nível mais alto já registrado desde o Plano Real. Os principais motivos para a alta foram as declarações inflamadas de Donald Trump sobre a guerra comercial dos EUA com a China, a sinalização de que o Federal Reserve, o BC americano, não realizará mais cortes na taxa de juros e a incerteza política e econômica na América Latina.
No cenário externo, ainda permanecem incertas as negociações entre China e Estados Unidos sobre a guerra tarifária. Um acordo comercial entre as duas potências era esperado nas próximas semanas, porém, as declarações feitas na terça-feira pelo presidente americano foram consideradas conflituosas e desanimaram os investidores. Além disso, Jerome Powell, o chairman do Fed, sinalizou que não haverá mais corte de juros na economia americana, o que desagradou o mercado financeiro.
Trump ainda afirmou que aumentará substancialmente as tarifas sobre produtos chineses se o país asiático não fizer um acordo com os EUA. “O discurso inflamado de Trump, com duras acusações de roubo de propriedade intelectual e subsídios dados à indústria pelos asiáticos, reaquece a guerra comercial entre China e Estados Unidos. A insegurança na América Latina também afasta os investidores do mercado de capitais. Por aqui, o conflito entre Bolsonaro e o PSL também deixa o mercado em cautela. Toda essa incerteza nos cenários local e internacional favorecem a alta do dólar”, afirma Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.
Internamente, os ruídos políticos causados pelo embate travado entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente do PSL, Luciano Bivar, influenciaram na alta da moeda americana frente ao real. Bolsonaro anunciou a criação de uma nova legenda até março de 2020, a Aliança pelo Brasil, para onde pretende migrar acompanhado dos filhos e de parlamentares que o apoiam.
Na América Latina, as instabilidades políticas e econômicas na Bolívia e no Chile contaminaram o apetite por ativos de risco e, assim, afastaram os investidores na região. A maioria das moedas emergentes registrou queda em relação ao dólar, devido a essa maior aversão ao risco. O peso chileno liderava as perdas, recuando quase 2%, em meio aos protestos que varrem o país há quase um mês.
(Com Reuters)