Dólar bate 3,92 reais com tensão no exterior e cenário eleitoral
As preocupações com a disputa comercial entre EUA e Turquia e pesquisa que mostra Alckmin em quarto lugar influenciam o humor do mercado
O dólar subiu mais de 1% nesta quarta-feira, superando o patamar de 3,92 reais, com os investidores reagindo ao cenário externo, ainda afetado pela situação da Turquia, e à cena eleitoral brasileira após nova pesquisa. Às 13h59, entretanto, a alta arrefeceu e o dólar era comercializado a 3,8897, um ganho de 0,59%. Na máxima do dia, foi vendido a 3,9257 reais. A Bolsa brasileira tinha uma queda de 1,38%, para 77.517 pontos.
“O recuo da véspera (terça-feira) veio de trégua externa. Hoje, com a retaliação dos turcos (aos Estados Unidos), as preocupações voltaram”, afirmou o diretor da consultoria financeira Via Brasil Serviços, Durval Correa.
Nesta quarta-feira, a Turquia dobrou as tarifas sobre algumas importações americanas, incluindo álcool, carros e tabaco, em retaliação aos movimentos dos Estados Unidos, mas a lira se recuperava ante o dólar depois que as medidas de liquidez do banco central turco tiveram o efeito de sustentar a moeda.
O governo de Ancara agiu em meio ao aumento da tensão entre os dois países sobre a detenção de um pastor americano e outras questões diplomáticas envolvendo a Turquia, que ajudaram a levar a lira a uma queda recorde em relação ao dólar.
O movimento de recuperação da lira era isolado, já que as preocupações com a Turquia faziam as demais moedas de países emergentes e o euro caírem ante o dólar, ainda por causa da exposição de bancos do bloco à Turquia. O dólar também avançava ante uma cesta de moedas.
Eleição no Brasil
Internamente, pesquisa de intenção de votos para a Presidência da República divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas também contribuía para o mau humor dos investidores. O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, lidera as intenções de voto para as eleições de outubro com 23,9% de preferência no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Marina Silva (Rede) é a segunda colocada, com 13,2% de apoio, em empate técnico com Ciro Gomes (PDT), que registra 10,2%. Geraldo Alckmin (PSDB) vem a seguir, com 8,5%, à frente de Alvaro Dias (Podemos), com 4,9%, e Fernando Haddad (PT), com 3,8%.
“A pesquisa trouxe aversão ao risco. Mostrou que Alckmin está parado, o que é um mau sinal para o mercado”, afirmou Correa. O tucano é preferido pelo mercado, que o considera um candidato mais voltado às reformas econômicas.
Registrada sob o número BR -02891/2018, a pesquisa utilizou uma amostra de 2.002 eleitores através de entrevistas pessoais em 26 estados e no Distrito Federal e em 168 municípios entre os dias 9 e 13 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
(Com Reuters)