A economia brasileira registrou em 2023 a continuidade do ciclo de recuperação e, neste ano, a força da economia foi puxada pelos resultados recordes do agronegócio. Segundo os dados divulgados nesta sexta-feira, 1º, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB registrou estabilidade no quarto trimestre e, no acumulado do ano, teve variação de 2,9%, totalizando 10,9 trilhões de reais. O PIB per capita alcançou 50 194 de reais, um avanço, em termos reais, de 2,2% em relação a 2022.
O agro cresceu 15,1% de 2022 para 2023 e, sob a ótica da produção, os outros setores também avançaram: a indústria avançou 1,6%, e os serviços, maior setor do PIB, subiram 2,4%. Pela ótica da demanda, o destaque é para o consumo das famílias, que avançou 3,1% influenciado pela melhora do mercado de trabalho e o arrefecimento da inflação. O resultado de 2023 foi muito acima do previsto no início do ano, quando o mercado estimava um avanço modesto, de 0,78%, após o crescimento de 3% em 2022. Para 2024, a aposta é de avanço de 1,75% no PIB.
Segundo o IBGE, o resultado recorde da agropecuária teve influência do crescimento da produção e do ganho de produtividade da agricultura. “Esse comportamento foi puxado muito pelo crescimento de soja e milho, duas das mais importantes lavouras do Brasil, que tiveram produções recorde registradas pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA)”, enumera Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do instituto.
Na indústria, o destaque ficou para as indústrias extrativas. A atividade teve alta de 8,7% devido ao aumento da extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro. Destaque também para eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, com alta de 6,5%. “Houve condições hídricas favoráveis e a bandeira verde vigorou durante todo o ano de 2023. Além disso, o fenômeno climático El Niño aumentou a temperatura média, impactando o consumo de água e energia”, justifica a pesquisadora. As Indústrias de Transformação (-1,3%) e a Construção (-0,5%) fecharam o ano com queda.
Em serviços, todas as atividades tiveram crescimento, com destaque para atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados a intermediação (6,6%). “As empresas seguradoras tiveram um ganho comparando os prêmios recebidos em relação aos sinistros pagos”, explica Palis.
Ainda sob a ótica de demanda, houve queda de 3,0% da Formação Bruta de Capital Fixo, com destaque para a queda de máquinas e equipamentos (-9,4%). Já a despesa do consumo do governo teve crescimento de 1,7% no ano.
As importações de bens e serviços caíram 1,2% em 2023, enquanto as exportações cresceram 9,1%. “Aqui, nota-se a influência do crescimento da produção de milho e soja e da extração de petróleo e minério de ferro, importantes commodities nacionais”, diz a pesquisadora do IBGE. Já a taxa de investimento em 2023 foi de 16,5% do PIB, menor que em 2022. A taxa de poupança, por sua vez, ficou em 15,4% em 2023 (ante 15,8% no ano anterior).