Economia mundial sofre com ‘desaceleração sincronizada’, diz FMI
Nova chefe do Fundo, Kristalina Georgieva afirma que conflitos comerciais causam danos generalizados; crescimento mundial deve ficar em 3,2% neste ano
As tensões comerciais estão prejudicando a economia global, que crescerá em seu ritmo mais lento em uma década – alertou a nova chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, nesta terça-feira, 8. Os estudos mostram que os conflitos comerciais estão causando danos generalizados e que os países devem estar preparados para responder com um aumento da liquidez, disse Georgieva, em seu primeiro discurso desde que assumiu o organismo.
“Em 2019, esperamos um crescimento mais lento em quase 90% do mundo. A economia global está em desaceleração sincronizada”, declarou Georgieva, antes da reunião anual do FMI e do Banco Mundial, que começa na próxima semana. Ela chamou a atenção para a lentidão em grandes economias emergentes, como Brasil e Índia.
A nova diretora-gerente do Fundo disse que esta desaceleração generalizada da economia mundial está aproximando o PIB mundial de seu nível mais baixo em uma década. Georgieva indicou que o FMI vai reduzir a previsão de crescimento para este ano para 3,2%, e a de 2020, para 3,5%. O Fundo divulga suas previsões atualizadas em 15 de outubro.
Em meio a diversos alertas sobre os riscos das tensões comerciais para a economia, a chefe do FMI afirmou que elas já podem ser sentidas. “O crescimento do comércio global está em ponto morto”, frisou. Para a economia mundial, o efeito cumulativo dos conflitos comerciais pode significar uma retração de 700 bilhões de dólares, equivalentes a 0,8% do PIB mundial. Trata-se de uma previsão mais severa do que os alertas anteriores do Fundo. O conflito lançado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra a China implica tarifas sobre bilhões de dólares em intercâmbios bilaterais, mas também há tensões com outros parceiros, como a relação da União Europeia com os EUA.
Para proteger a economia de uma paralisação global, Georgieva pediu aos países que tiverem capacidade que adotem uma proteção fiscal. Apesar de alguns governos serem afetados pelos altos níveis de endividamento, a chefe do FMI pediu para nações como Alemanha, Holanda e Coreia do Sul aumentarem seus gastos, especialmente em infraestrutura e pesquisa e desenvolvimento, para ajudar a alimentar a demanda e o crescimento potencial.
Em um contexto em que muitos países delegam o estímulo à expansão econômica aos bancos centrais e às taxas de juros baixas, a diretora-gerente do organismo alertou que manter os juros baixos durante tempo demais pode levar os investidores a adotarem um comportamento de risco.
(Com AFP)