O economista boliviano Augusto López-Claros, apontado responsável pela manipulação de dados que prejudicou o Chile no ranking de competitividade empresarial do Banco Mundial (BM), em desfavor do governo de Michelle Bachelet, negou neste domingo ter agido sob motivação política. Em entrevista publicada hoje pelo jornal El Mercurio, López-Claros garantiu que não conhece Sebastián Piñera, que em março assume a presidência do Chile pela segunda vez.
López-Claros foi acusado de distorcer dados relativos ao Chile entre 2006 e 2010, quando Bachelet governou o país pela primeira vez, e depois de 2014, quando voltou ao cargo. Os indicadores caíram durante a administração de Bachelet e voltaram a subir com Piñera na presidência. O economista admite que os índices do relatório de competitividade empresarial do Banco Mundial passaram por mudanças substanciais de metodologia nos últimos quatro anos, mas alega que as alterações foram objeto de consultoria interna e externa. “Todo o processo ocorreu em um contexto de transparência e abertura. As mudanças nas classificações dos países aconteceram porque uns fizeram reformas mais rapidamente que outros”, explicou. “Entre 2014 e 2017, o Chile fez duas reformas, o México fez oito e a Colômbia, seis”, exemplificou.
Após concluir um doutorado em Economia na Universidade de Duke, López-Claros trabalhou como professor na Universidad de Chile, vivendo no país entre 1989 e 1992. Depois, viajou para a Rússia como representante do Fundo Monetário Internacional (FMI). No fim da década de 90, trabalhou como economista internacional no banco Lehman Brothers, para depois ser economista-chefe e diretor do programa de competitividade global do Fórum Econômico Mundial. Em março de 2011, o economista assumiu o cargo de diretor do Departamento de Indicadores e Análise Global do Banco Mundial, sendo responsável pela elaboração do relatório “Doing Business”, no qual teria ocorrido a manipulação de dados contra o Chile. Atualmente, López-Claros está em um ano sabático de estudos na Universidade de Georgetown, em Washington.
Em reportagem publicada no sábado pelo jornal The Wall Street Journal, o economista-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, pediu desculpas ao Chile pela manipulação dos dados no ranking. Segundo ele, uma análise preliminar indicou que, nos últimos anos, a posição do Chile flutuou não pela piora nas condições do país, mas pela inclusão de novos indicadores para compor a metodologia do estudo. A posição do Chile flutuou do 25° lugar ao 57º lugar desde 2006. Durante a presidência da socialista Michelle Bachelet (2006 a 2010 e 2014 a 2017), a classificação do país caiu. Já nos anos em que o conservador Sebastián Piñera comandou o país (2010 a 2014), o desempenho melhorou – Piñera assumirá a presidência de novo este ano. O Brasil costuma ficar mal posicionado no ranking. Em 2017, ficou em 125°. A presidente do Chile pediu uma investigação do caso.
(Com EFE e Estadão Conteúdo)