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Em crise, BRF fecha linha de produção de perus em Goiás

As demais atividades do complexo fabril, como frango, fábrica de ração e granja, serão mantidas

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 13 jun 2018, 16h02 - Publicado em 12 jun 2018, 19h29

A BRF Brasil, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, decidiu encerrar a produção de perus no município de Mineiros, em Goiás. O corte da linha de produção, que tinha como destino o mercado internacional, deve-se, basicamente, às restrições dos mercados externos aos produtos brasileiros.

“Nós não vamos mais produzir peru em Mineiros. A decisão está tomada. Estamos concentrando essa produção em Chapecó (SC), por questões de abertura de mercado”, disse o vice-presidente global de eficiência corporativa da BRF, Jorge Lima, após participação em uma audiência no Senado. “É uma questão mundial. Não tem mais onde vender. Não dá para continuar a produzir peru na quantidade que estamos produzindo sem ter mercado, com a Europa fechada.”

 

Segundo a BRF, apenas a produção de abate de perus será encerrada partir da segunda quinzena de julho. As demais atividades do complexo fabril, como frango, fábrica de ração e granja, serão mantidas. Essas linhas empregam 1.500 funcionários.

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A BRF informa que 50% dos colaboradores da linha de perus devem ser realocados para ‘outros processos produtivos na mesma unidade ou em unidades próximas, dependendo da disponibilidade de mobilidade e a existência de posições equivalentes’.

“Os termos contratuais vigentes serão honrados junto aos atuais integrados. A BRF irá acionar todos os produtores da localidade nas próximas semanas para comunicar os próximos passos”, afirma em nota.

O fim da produção de perus em Mineiros afetará 120 produtores no município e outras 3 mil pessoas que, indiretamente, atuavam nesta cadeia produtiva.

Em 2007, a BRF Perdigão instalou seu complexo frigorífico na cidade, localizada a 450 quilômetros de Goiânia, no limite com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Um ano antes, a concorrente Marfrig já havia erguido uma unidade na região, que acabou convertida num complexo de produção de aves.

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Nas contas de Fábio Leme, vice-presidente da Associação dos Avicultores Integrados da Perdigão em Mineiros (Avip), cerca de 250 milhões de reais foram tomados em financiamentos pelos produtores para bancar a produção assumida com a BRF. A planta vinha produzindo, em tempos regulares, 25 mil perus por dia e pretendia aumentar a produção para 32 mil aves por dia. Fábio Leme está entre os produtores que aguardam uma definição da empresa sobre o que fazer com suas granjas: se passa a produzir frango ou se fecha de vez.

“Fazer o quê? Agora é procurar uma outra alternativa de negócio. Não há o que fazer. Minhas granjas produziam 900 mil perus por ano. Era um bom negócio”, comenta Leme. “Já demiti 34 funcionários, estou encerrando essas operações.”

Em março do ano passado, a unidade de Mineiros foi um dos frigoríficos investigados e interditados na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que apontou esquema de corrupção envolvendo fiscais do Ministério de Agricultura, no Paraná e em Goiás.

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