A Boeing deve pagar 3,8 bilhões de dólares à Embraer pela aquisição de 80% do segmento de aviação comercial da Embraer. O negócio dará origem a uma joint venture — um empreendimento conjunto — comandada por um presidente e um CEO brasileiros, sob controle da Boeing. A empresa brasileira ficará com 20% da operação. As áreas militar, de serviços e de aviação executiva não estão inclusas no negócio e continuarão pertencendo exclusivamente à Embraer.
De acordo a proposta de acordo, divulgada em memorando nesta quinta (5), as operações de aeronaves comerciais da Embraer hoje valem 4,75 bilhões.
Agora, a parceria precisa ser aprovada pelas agências reguladoras e pelo conselho de administração da Embraer para seguir adiante. A expectativa é que o processo seja fechado até o fim de 2019.
O governo brasileiro é detentor de uma ação preferencial — a chamada “golden share” —, que lhe dá poder de veto em negociações do tipo, desde que a Embraer foi privatizada, em 1994.
O acordo determina que, pelo prazo de 10 anos, nem a Embraer nem a Boeing poderão vender suas participações. O dispositivo é chamado de lock-up.
Os donos da Embraer
A Embraer é uma empresa privada desde 1994. Negociada nas bolsas de valores B3, de São Paulo, e Nyse, de Nova York, tem mais investidores estrangeiros que brasileiros. Seus maiores acionistas são as americanas Brandes Investment Partners e BlackRock, que detém 14,9% e 5,50% da empresa, respectivamente, a inglesa Mondrian Investment Parners, com participação de 9,9%, e o BNDES, por meio da BNDESpar, com 5,4%. A Previ, fundo de previdência dos funcionários Banco do Brasil, tem pouco menos de 5%.
Sediada em São José dos Campos (SP), a Embraer emprega 18.443 pessoas no mundo todo. A área de aviação comercial, envolvida na transação com a Boeing, corresponde a cerca de 60% da receita líquida da empresa, que em 2017 foi de R$ 18,713 bilhões. A Embraer é líder no segmento de jatos comerciais de até 150 assentos, mercado do qual detém fatia de 30%.