Empresas correm para enviar mercadorias aos EUA antes do tarifaço, marcado para amanhã
Porto de Santos aponta para recorde em remessas aos EUA, diz jornal
O setor produtivo brasileiro corre contra o tempo para driblar o tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil — que vai entrar em vigor em menos de 24 horas, na meia-noite de quarta-feira, 6. Como estipulado pelo governo dos EUA na semana passada, a sobretaxa de 40% que incidirá sobre uma série de produtos só vai valer para aqueles que saírem do Brasil a partir do dia 6. Mercadorias enviadas antes desse prazo ou que já estiverem em trajeto final para o país norte-americano antes de quarta-feira não pagarão a nova taxa. Em face disso, uma série de empresas fizeram um esforço para antecipar suas remessas aos EUA, segundo reportagem do jornal Valor Econômico. A Autoridade Portuária de Santos (APS) disse ao jornal que o último mês de julho deve ser o mais movimentado da história do porto paulista, o maior do país. A APS ressaltou o aumento no volume de embarques de carne bovina.
A administração do porto de Santos, que é o maior da América Latina, disse que o embarque de proteínas animais aumentou 96%, em volume, nas duas primeiras semanas de julho. Já a exportação de café através do porto aumentou 17% no mesmo período. O presidente americano, Donald Trump, anunciou a tarifa elevadíssima contra o Brasil no dia 9 de julho. Antes do imbróglio tarifário, os EUA já eram o segundo principal destino das mercadorias que passam pelo porto de Santos, com 22% do total e atrás apenas da China, que representa 47% dos envios.
A brecha para o envio de produtos sem a sobretaxa de 40% cobrada pelos EUA é particularmente vantajosa para empresas que já tinham cargas disponíveis para despachar e acertaram o movimento logístico de última hora com seus parceiros comerciais, segundo empresários ouvidos pelo Valor. As mercadorias que estão a caminho dos Estados Unidos antes da aplicação do tarifaço devem pagar os tributos já vigentes contra o Brasil, como a básica de 10% anunciada por Trump em abril.
O agronegócio brasileiro é um dos principais setores impactados pela política tarifária dos norte-americanos. Itens que figuram entre os mais exportados aos EUA, como carne e café, não foram incluídos na longa lista de isenções formulada pelo governo Trump, de modo que vão pagar a alíquota cheia de 50% a partir de amanhã. Já outras exportações, como aeronaves, petróleo e celulose, foram isentas da sobretaxa de 40% após um esforço do setor produtivo para pressionar a Casa Branca.
Setor da construção debate sustentabilidade com presidente da COP30

