Estados Unidos recomendaram demissão de Marcelo, diz Odebrecht
Segundo a companhia, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o Ministério Público Federal recomendaram o desligamento
A Odebrecht se manifestou sobre a demissão de Marcelo Odebrecht, ocorrida nesta sexta-feira, 20, dos quadros da empresa. Segundo a companhia, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o Ministério Público Federal recomendaram o desligamento do ex-mandatário do conglomerado. Os órgãos atuam há dois anos e meio dentro da empresa para fiscalizar os hábitos da Odebrecht. Segundo a empresa, a recomendação foi aprovada pelo conselho de administração da companhia.
A demissão de Marcelo se deu por determinação de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo que comanda a Kieppe, holding que comanda a Odebrecht. O presidente da empresa, Ruy Sampaio, seguiu a ordem do patriarca, que voltou ao comando do grupo desde a prisão do filho, em 2015. Na Bahia, Emílio mandou um advogado para avisar o filho na casa dele, em São Paulo. Marcelo foi demitido por justa causa, após a divulgação de e-mails enviados ao pai pelo jornal Folha de São Paulo. Nas mensagens, Marcelo acusa o pai de ser o responsável pela bancarrota da empresa, que levou a companhia a entrar com o pedido de recuperação judicial.
Com a demissão, Marcelo segue como acionista minoritário da Odebrecht S.A., com 2,79% da empresa, mas perde benesses como o salário de 115.000 reais, motorista, segurança, assessor de imprensa, secretária e advogados, todos pagos pela empresa. Sampaio enviou um comunicado para os clientes do Grupo Odebrecht. No e-mail, informa o desligamento de Marcelo e diz que o ex-chefão do grupo terá os mesmos direitos e deveres dos demais acionistas. Marcelo passa a não falar mais pela empresa.
Para mostrar influência, desde sua soltura, Marcelo Odebrecht vinha dando as caras na empresa. Seu objetivo era mostrar que era querido entre os funcionários e afastar a pecha de malquisto. Emílio pôs fim às visitas: na última segunda-feira 16, Marcelo Odebrecht foi barrado na portaria da companhia, quando foi à empresa tentar reverter a demissão de Zaccaria Junior, assessor ligado a ele. A demissão foi uma ordem de Emílio, que determinou que todos os funcionários ligados ao filho sejam desligados da companhia. Na segunda-feira 16, Emílio determinou a troca de Luciano Guidolin, então presidente da Odebrecht, no comando da empresa, pela influência que Marcelo exercia sobre Guidolin. Ele foi substituído por Ruy Sampaio, então presidente do conselho da companhia. O estopim foi demitir o próprio filho.
Marcelo e Emílio nunca se deram bem. A agressividade, porém, ficou mais clara desde a morte do pai de Emílio, Norberto Odebrecht, e a prisão de Marcelo no âmbito da Operação Lava Jato, em 2015, quando Emílio foi obrigado a reassumir a companhia. Desde então, o pai prepara o filho caçula, Maurício (até então à parte dos negócios do império Odebrecht) para tomar as rédeas da empresa quando deixar a Kieppe.