EUA determinam que Boeing faça modificações em modelo após acidente
Diversos países e companhias aéreas suspenderam o uso de aviões 737 Max após circunstâncias semelhantes em quedas na Etiópia e na Indonésia
Os Estados Unidos vão determinar que a Boeing faça modificações nos modelos 737 Max 8 e 737 Max 9, inclusive no sistema de controle MCAS, depois do acidente fatal de domingo na Etiópia, informou nesta segunda-feira a Agência Federal de Aviação (FAA).
A fabricante de aeronaves americanas deve cumprir a demanda “no mais tardar em abril”, assegurou a FAA, que decidiu não deixar em solo a frota de 737 MAX 8, ao contrário do estabelecido por Indonésia e China. O mesmo modelo de aeronave – uma versão mais eficiente em economia de combustível do 737 – caiu no final de outubro na costa da Indonésia, também após a decolagem, deixando 189 mortos.
Mas empresas aéreas de Brasil, Etiópia, África do Sul, Coreia do Sul, Argentina e México decidiram suspender os voos com seus 737 MAX 8, depois do segundo acidente com o modelo em cinco meses.
Os pilotos das Aerolíneas Argentinas anunciaram através de seu sindicato que se negarão a voar no modelo até receberem “informação e garantias suficientes da ausência de risco nas operações com tais aeronaves”.
A FAA notificou outras autoridades internacionais de aviação civil de que em breve poderá compartilhar informação de segurança sobre o 737 Max 8 da Boeing.
Um destes aparelhos, que realizava o voo ET302 da Ethiopian Airlines, caiu no domingo a sudeste de Adis Abeba minutos após a decolagem, matando as 157 pessoas a bordo.
Uma equipe da FAA está na Etiópia participando da investigação sobre o acidente de domingo ao lado de inspetores da Junta Nacional de Segurança do Transporte dos Estados Unidos.
Os investigadores já encontraram as caixas-pretas do aparelho, que se dirigia para Nairóbi.
Os Estados Unidos vão determinar que a Boeing faça modificações nos modelos 737 Max 8 e 737 Max 9, inclusive no sistema de controle MCAS, depois do acidente fatal de domingo na Etiópia, informou nesta segunda-feira a Agência Federal de Aviação (FAA).
A fabricante de aeronaves americanas deve cumprir a demanda “no mais tardar em abril”, assegurou a FAA, que decidiu não deixar em solo a frota de 737 MAX 8, ao contrário do estabelecido por Indonésia e China.Mas empresas aéreas de Brasil, Etiópia, África do Sul, Coreia do Sul, Argentina e México decidiram suspender os voos com seus 737 MAX 8, depois do segundo acidente com o modelo em cinco meses.
“O piloto mencionou que ele tinha dificuldades e queria voltar. Ele recebeu permissão para dar a volta”, disse o diretor-executivo da Ethiopian Airlines, Tewolde GebreMariam, a jornalistas em Addis Abeba.
As condições meteorológicas na capital etíope eram boas no momento do voo.
Especialistas analisam acidentes
Enquanto o especialista do Teal Group, Richard Aboulafia, diz que é “muito cedo para fazer qualquer tipo de comentário significativo”, outro analista destacou as semelhanças entre os dois incidentes.
“É o mesmo avião. Assim como a Lion Air, o acidente (da Ethiopia Airlines) aconteceu logo após a decolagem e os pilotos disseram que estavam tendo problemas, então o avião caiu. As semelhanças são claras”, acrescentou o especialista aeroespacial que pediu para não ser identificado.
Mas o especialista em aviação Michel Merluzeau observou que “estas são as únicas semelhanças, e a comparação para aí, já que não temos nenhuma outra informação confiável neste momento”.
Desde o acidente da Lion Air, o 737 Max enfrentou um crescente ceticismo da comunidade aeroespacial. O programa já apresentara problemas durante o seu desenvolvimento.
Em maio de 2017, a Boeing interrompeu os testes de voo do 737 MAX devido a problemas de qualidade com o motor produzido pela CFM International, uma empresa de propriedade conjunta da Safran Aircraft Engines da França e da GE Aviation.
O acidente de domingo é um grande golpe para a Boeing, cujos aviões Max são a versão mais recente do 737, a aeronave mais vendida de todos os tempos e com mais de 10.000 aparelhos produzidos.
A ação da Boeing desabou em Wall Street, afetada pela decisão de não utilização das aeronaves 737 MAX 8 na China e na Indonésia. Os papéis fecharam em queda de 5,36%, a 399,89 dólares, após mergulharem 13,5% no início do pregão.
“O MAX é uma linha muito importante para a Boeing na próxima década, representando 64% da produção da empresa até 2032, e tem margens operacionais significativas”, disse Merluzeau.
Ele acrescentou que as próximas 24 horas serão fundamentais para a Boeing lidar com a crise com viajantes e investidores preocupados com a confiabilidade de suas aeronaves.
A Boeing disse estar “profundamente entristecida” com o acidente da Ethiopian Airlines, acrescentando que uma equipe técnica fornecerá assistência aos investigadores.
O especialista, que pediu anonimato, disse que a Boeing provavelmente enfrentará uma reação negativa nos mercados, mas que o prejuízo será limitado para o grupo.
(Com AFP)