O Federal Reserve (banco central americano, o Fed) decidiu manter a taxa de juros inalterada, no intervalo entre 5,25% e 5,5%, reafirmando sua cautela em relação à inflação e ao crescimento econômico, apesar dos sinais de desaceleração da economia americana. Segundo o comunicado, o “comitê não espera que seja apropriado reduzir o intervalo da meta até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação está a evoluir de forma sustentável para 2%”.
Nos últimos meses, o Fed observou um progresso modesto em direção ao seu objetivo de inflação de 2%. Esse cenário levou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) a considerar que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação evoluíram para um melhor equilíbrio ao longo do ano passado.
O principal índice de inflação do país desacelerou em abril, para 3,3%, ficando abaixo das expectativas, o que indica um arrefecimento da economia americana. No entanto, apesar dos sinais de desaceleração, a inflação permanece em níveis elevados para os padrões históricos do país, e o comitê segue preocupado com a robustez do mercado de trabalho e a baixa taxa de desemprego. Isso porque, mesmo com a desaceleração, a forte demanda por trabalhadores e os consequentes aumentos salariais podem continuar a gerar pressões inflacionárias, dificultando o controle da inflação a longo prazo.
O comunicado reforça a missão do Fed de alcançar uma inflação estável de 2% a longo prazo e, por isso, tem buscado ser cauteloso nesse momento. “As perspectivas econômicas são incertas, e o Comitê permanece muito atento aos riscos de inflação”, enfatizou o banco central, indicando que, apesar dos progressos recentes, a incerteza ainda é uma variável significativa na equação econômica. “Nós sabemos que reduzir as restrições muito ou muito cedo pode ter um efeito contrário”, disse Jerome Powell, presidente do Fed, em entrevista coletiva.
O Fed deixou claro que não prevê a redução do intervalo da meta até que haja maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%. Essa postura do Fed sugere uma estratégia prudente para evitar qualquer retrocesso no controle da inflação, enquanto continua a apoiar um crescimento econômico sólido. A manutenção da taxa de juros em um nível elevado busca equilibrar a necessidade de conter a inflação sem sufocar a recuperação econômica.
Cortes
Dentre os 19 dirigentes presentes na reunião, 15 esperam que os juros básicos cheguem ao fim de 2024 em um nível menor que o atual. Oito autoridades esperam que a taxa básica seja reduzida em 50 pontos até o fim do ano, e outras sete projetam redução de 25 pontos. Além desses, quatro banqueiros centrais preveem que os juros vão permanecer no patamar atual.
Na última reunião, apenas 2 dirigentes previam juros estáveis no fim deste ano, e a visão majoritária dos votantes era de que as taxas seriam cortadas pelo menos em 75 pontos. Para o fim de 2025, nove dirigentes preveem que os juros terminarão o ano entre 4% e 4,25%; outros quatro esperam que as taxas fiquem entre 4,25% e 4,5%.
As taxas de juros nos Estados Unidos, que é a maior economia do mundo, têm impacto global, em especial em países emergentes como o Brasil. Os juros americanos altos aumentam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos dos EUA), considerados os mais seguros do mundo. Assim, os investidores preferem investir lá do que em ativos menos seguros, como o mercado brasileiro.
Esse movimento mexe com o câmbio, e o dólar mais alto aqui tem impacto na inflação. Isso acontece porque commodities tanto de alimentos quanto de combustíveis são cotadas em dólar. Por volta das 16h, a moeda americana era vendida a 5,38 reais. Além dos juros nos EUA, o cenário interno também tem grande peso. Há um aumento da percepção do risco fiscal brasileiro, o que ajuda a afastar investidores do país.