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Fed mantém juros inalterados e busca maior confiança para futuros cortes

Apesar dos sinais de desaceleração econômica, banco aguarda dados mais consistentes antes de reduzir os juros

Por Luana Zanobia Atualizado em 12 jun 2024, 17h17 - Publicado em 12 jun 2024, 15h40
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  • O Federal Reserve (banco central americano, o Fed) decidiu manter a taxa de juros inalterada, no intervalo entre 5,25% e 5,5%, reafirmando sua cautela em relação à inflação e ao crescimento econômico, apesar dos sinais de desaceleração da economia americana. Segundo o comunicado, o “comitê não espera que seja apropriado reduzir o intervalo da meta até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação está a evoluir de forma sustentável para 2%”.

    Nos últimos meses, o Fed observou um progresso modesto em direção ao seu objetivo de inflação de 2%. Esse cenário levou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) a considerar que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação evoluíram para um melhor equilíbrio ao longo do ano passado.

    O principal índice de inflação do país desacelerou em abril, para 3,3%, ficando abaixo das expectativas, o que indica um arrefecimento da economia americana. No entanto, apesar dos sinais de desaceleração, a inflação permanece em níveis elevados para os padrões históricos do país, e o comitê segue preocupado com a robustez do mercado de trabalho e a baixa taxa de desemprego. Isso porque, mesmo com a desaceleração, a forte demanda por trabalhadores e os consequentes aumentos salariais podem continuar a gerar pressões inflacionárias, dificultando o controle da inflação a longo prazo. 

    O comunicado reforça a missão do Fed de alcançar uma inflação estável de 2% a longo prazo e, por isso, tem buscado ser cauteloso nesse momento. “As perspectivas econômicas são incertas, e o Comitê permanece muito atento aos riscos de inflação”, enfatizou o banco central, indicando que, apesar dos progressos recentes, a incerteza ainda é uma variável significativa na equação econômica. “Nós sabemos que reduzir as restrições muito ou muito cedo pode ter um efeito contrário”, disse Jerome Powell, presidente do Fed, em entrevista coletiva. 

    O Fed deixou claro que não prevê a redução do intervalo da meta até que haja maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%. Essa postura do Fed sugere uma estratégia prudente para evitar qualquer retrocesso no controle da inflação, enquanto continua a apoiar um crescimento econômico sólido. A manutenção da taxa de juros em um nível elevado busca equilibrar a necessidade de conter a inflação sem sufocar a recuperação econômica.

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    Cortes

    Dentre os 19 dirigentes presentes na reunião, 15 esperam que os juros básicos cheguem ao fim de 2024 em um nível menor que o atual. Oito autoridades esperam que a taxa básica seja reduzida em 50 pontos até o fim do ano, e outras sete projetam redução de 25 pontos. Além desses, quatro banqueiros centrais preveem que os juros vão permanecer no patamar atual.

    Na última reunião, apenas 2 dirigentes previam juros estáveis no fim deste ano, e a visão majoritária dos votantes era de que as taxas seriam cortadas pelo menos em 75 pontos. Para o fim de 2025, nove dirigentes preveem que os juros terminarão o ano entre 4% e 4,25%; outros quatro esperam que as taxas fiquem entre 4,25% e 4,5%.

    As taxas de juros nos Estados Unidos, que é a maior economia do mundo, têm impacto global, em especial em países emergentes como o Brasil. Os juros americanos altos aumentam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos dos EUA), considerados os mais seguros do mundo. Assim, os investidores preferem investir lá do que em ativos menos seguros, como o mercado brasileiro.

    Esse movimento mexe com o câmbio, e o dólar mais alto aqui tem impacto na inflação. Isso acontece porque commodities tanto de alimentos quanto de combustíveis são cotadas em dólar. Por volta das 16h, a moeda americana era vendida a 5,38 reais. Além dos juros nos EUA, o cenário interno também tem grande peso. Há um aumento da percepção do risco fiscal brasileiro, o que ajuda a afastar investidores do país.

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