A Ford vai demitir cerca de 750 trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo até o fim de julho, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Em fevereiro, a montadora anunciou o fechamento da unidade paulista e sua saída do mercado de caminhões na América do Sul.
Os funcionários desligados trabalhavam na montagem do Fiesta, que saiu de linha. Segundo o sindicato, havia a expectativa de que antes do final da produção a fábrica já tivesse um novo comprador, o que não aconteceu. Os funcionários desligados receberão o pagamento de até dois salários por ano de trabalho na fábrica.
Os benefícios são os mesmos do Plano de Demissão Incentivada (PDI), negociado entre o sindicato e a montadora no primeiro trimestre do ano, após o anúncio da saída da empresa da planta de São Bernardo do Campo. Desde que o programa foi lançado, 280 funcionários aceitaram sair da empresa pelo plano. A planta da fábrica ainda conta com caminhões. Há também cerca de 1.300 funcionários dando expediente.
A empresa e o sindicato negociaram dois modelos de plano: um para o trabalhador que deseja ser desligado e participar do processo de seleção do novo dono da planta, que oferece o equivalente a 1,5 do salário como bônus por ano trabalhado. O outro plano, para quem decidisse sair ou fosse demitido, oferece até dois salários por ano na empresa como indenização.
O Sindicato dos Metalúrgicos ainda trabalha com a possibilidade de que a planta seja vendida e afirma que o novo comprador, quando for selecionar profissionais para a empresa, deve procurar pelos funcionários ex-Ford que trabalharam no local, conforme prevê o acordo com a montadora.
A reportagem não conseguiu contato com a Ford para comentar sobre o processo de demissões. A crise da Ford ameaça empregos em todo mundo. Em junho, a empresa anunciou que cortará 12 mil empregos na Europa até o fim de 2020.
Entenda o caso
Em 19 de fevereiro, a Ford anunciou o fechamento da planta de São Bernardo do Campo. Na ocasião, a montadora explicou que vai encerrar sua atuação no segmento de caminhões na América do Sul e deixar de comercializar os modelos Cargo, F-4000, F-350 e Fiesta, produzidos apenas no ABC paulista. O motivo, segundo a companhia, é a “ampla reestruturação de seu negócio global”.
Governos estadual e federal, com a prefeitura de São Bernardo do Campo, negociam a venda da fábrica para outra empresa automotiva, a fim de manter os empregos na região. Especula-se que o grupo Caoa seja um dos que negociam a aquisição da planta para a produção de caminhões. Procurada, a empresa não confirma.
Um possível comprador pode se beneficiar do programa de incentivo fiscal à indústria anunciado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em março. Serão oferecidas reduções do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em até 25% para montadoras que apresentarem planos de investir pelo menos 1 bilhão de reais e que gerarem no mínimo 400 postos de trabalho.