Fusão da Fibria e Suzano criará gigante mundial de celulose
A transação está sujeita à aprovação das autoridades antitruste
Os acionistas controladores da empresa brasileira de celulose Fibria Celulose concordaram em fundir a empresa com a rival Suzano Papel e Celulose para criar a maior produtora mundial de celulose de mercado, de acordo com um comunicado.
Os acionistas Votorantim Participações e BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), decidiram a favor da proposta da Suzano, mesmo depois de a rival holandesa Paper Excellence ter elevado sua proposta pela Fibria na quarta-feira.
A BNDESPar é acionista da Fibria, com 29,08% do capital. A Votorantim possui outros 29,42% e a outra parte das ações está e circulação no mercado (41,44%) e tesouraria (0,06%).
O BNDESPar receberá 8,5 bilhões de reais em dinheiro, bem como ações na nova empresa, que continuará listada em bolsa segundo o comunicado. A transação está sujeita à aprovação das autoridades antitruste.
O BNDESPar seguirá com participação relevante empresa resultante da fusão, mas será minoritário, de acordo com o comunicado.
Os acionistas minoritários receberão dinheiro e ações nos mesmos termos que os acionistas controladores, disse o comunicado, que não forneceu detalhes sobre a oferta.
A Paper Excellence, com sede na Holanda, ofereceu 71,50 reais por ação da Fibria em sua última oferta, acima dos 67 reais da primeira oferta revelada na segunda-feira.
O BNDES disse em um comunicado que a oferta da Suzano garantiu o fortalecimento do mercado de capitais. Sob a oferta da Paper Excellence, a Fibria provavelmente teria sido retirada da bolsa paulista.
Maior produtora de celulose do mundo, a Fibria possui 1,056 milhão de hectares de florestas, das quais 633 mil hectares são de árvores de eucalipto plantadas. Uma outra parte – 364 mil hectares – é de áreas de preservação e de conservação ambiental e 59 mil hectares destinados a outros usos. A família Votorantim é dona de boa parte dessas terras e as arrenda para a Fibria.
Fontes familiarizadas com as negociações disseram que outra razão fundamental para que os acionistas se inclinassem para a oferta da Suzano era a preocupação com a falta de financiamento firme pela Paper Excellence, controlada pela família Wijaya, que também é dona da Asia Pulp & Paper Company.
O BNDES solicitou que a holandesa comprovasse como a oferta seria financiada com documentos bancários. A oferta do grupo de pagar uma multa de 1,2 bilhão de dólares caso não obtivesse o financiamento não convenceu o banco.
A Paper Excellence teria que gastar até 40 bilhões de reais para concluir sua oferta em dinheiro.