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Geração de empregos temporários no varejo será a pior desde 2015

CNC projeta a geração de 70,7 mil empregos temporários para o período de festas em 2020; número é quase 20% a menos que volume de 2019

Por Felipe Mendes Atualizado em 21 out 2020, 19h54 - Publicado em 21 out 2020, 19h05
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  • O saco do ‘bom velhinho’ estará menos cheio em 2020. Um indício dos tempos de vacas magras neste Natal é que a geração de empregos temporários no comércio varejista para o fim deste ano será a menor desde 2015. Uma estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a CNC, divulgada nesta quarta-feira, dia 21, projeta que 70,7 mil pessoas sejam contratadas para atender o aumento da procura por produtos em dezembro. O volume representa um recuo expressivo de 19,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos últimos dez anos, somente 2015 foi tão decepcionante quanto 2020 promete ser. Naquela temporada, 67,4 mil pessoas se realocaram no mercado de trabalho, ainda que de forma temporária.

    Os fatores que explicam o descompasso na passagem anual estão correlacionados. O primeiro deles é a pandemia do novo coronavírus, óbvio. O segundo é uma consequência dos novos hábitos de consumo: com os espaços fechados, como shopping centers, sendo evitados, a maior parte das vendas acontece em âmbito virtual, pelo e-commerce. “Curiosamente, o comércio eletrônico, que ajudou o varejo a recuperar a capacidade de vendas, será o que irá atrapalhar a retomada das contratações”, diz Fabio Bentes, economista-sênior da CNC. A entidade projeta que o Natal, principal data comemorativa do varejo, movimente cerca de 37,5 bilhões de reais em 2020, algo praticamente em linha com as vendas do mesmo período no ano anterior.

    Historicamente, o mês de novembro concentra a maior parte (55%) dessas contratações temporárias – em dezembro, o montante é de 32%. Algo que explica a suspeita por parte de empresários e justifica o número baixo de contratações é a redução do auxílio emergencial, que impulsionou uma retomada mais rápida do comércio varejista nos últimos meses, e o menor fluxo de dinheiro girando na economia por meio do décimo terceiro salário, já que muitos perderam o emprego ou tiveram jornada de trabalho e salário reduzidos nos meses mais severos da pandemia.

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    O comércio varejista é uma das principais portas de entrada no mercado de trabalho, sobretudo para aqueles que procuram um primeiro emprego. Muitos veem, por meio do trabalho temporário no fim de ano, uma oportunidade para conseguirem um emprego fixo. Mas poucos serão agraciados com um novo emprego efetivo no começo de 2021. Segundo os dados da pesquisa, a taxa de efetivação no comércio varejista após o Natal deve ser de 16,3%, ou seja, 12,8 pontos percentuais a menos em relação ao número de empregos fixos gerados após o período festivo de 2019 e o pior número desde 2016. “A expectativa de efetivação tende a ser muito parecida com as taxas observadas em 2015 e 2016. Ainda há uma incerteza muito grande na capacidade de o comércio sustentar esse ritmo de crescimento de vendas”, analisa Bentes.

    Embora as lojas de vestuário e calçados respondam pela maior parte das vagas voltadas para o Natal, a oferta de 30,7 mil postos neste segmento em 2020 deverá equivaler a pouco mais da metade dos 59,2 mil postos de trabalho criados no ano passado, na medida em que esse ramo do varejo vem apresentando maiores dificuldades em reaver o nível de vendas anterior ao início da pandemia. Lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (13,7 mil) e hiper e supermercados (13,4 mil), somadas ao ramo de vestuário, deverão responder por cerca de 82% das vagas oferecidas pelo varejo no período. A maior parte das vagas geradas será para preencher cargos como vendedores (34.659), operadores de caixa (12.149), atendentes (8.276), repositores de mercadorias (6.979) e embaladores de produtos (2.954). O salário médio de admissão deverá alcançar 1.319 reais, um avanço de 4,6% em relação ao último ano.

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