Goldman Sachs: Covid-19 trará choque econômico, mas sem danos sistêmicos
Banco de investimento acredita que os mercados devem se recuperar totalmente no segundo semestre
Investidores apreensivos e bolsas em queda em todo o mundo viraram rotina nas últimas semanas devido o avanço do coronavírus. Apesar do cenário devastador, o banco Goldman Sachs acredita que o impacto econômico do coronavírus não será sistêmico e os mercados mundiais conseguirão se recuperar sem tantas sequelas no segundo semestre. A análise foi feita em uma conferência com mais de 1.500 clientes do banco nesta segunda-feira, 16. A reunião foi feita por telefone já que há a orientação de frear encontros presenciais para tentar frear a transmissão do vírus.
“Não há risco sistêmico. Ninguém está falando sobre isso. Os governos estão intervindo nos mercados para estabilizá-los, e o setor de bancos privados está muito bem capitalizado. Parece mais com o 11 de setembro do que com 2008”, afirmou o banco.
Na segunda, as bolsas de valores dos Estados Unidos caíam na casa dos 10%, mesmo após esforços adicionais do Federal Reserve de conter os danos da economia, desta vez zerando a taxa de juros. No Brasil, o Ibovespa caía cerca de 12%, após passar pelo quinto circuit breaker da semana.
Apesar da tentativa de acalmar os investidores, o Goldman Sachs fala em danos significativos a produtividade da economia mundial devido ao alto grau de transmissão da doença, muito maior que a letalidade. A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial é de 2%, o mais baixo em 30 anos. A última previsão de crescimento global é de 2,4%, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A queda na produção mundial se dá por causa da quarentena imposta em vários países para tentar conter a pandemia, já que ainda não há vacina. Se a circulação de pessoas, a produtividade mundial será afetada. O banco pontua que o dano já foi grande na economia chinesa, que fornece matéria prima e suprimentos em cadeia global. Segundo o governo do país, a indústria teve um tombo de 13,5% na produção no primeiro bimestre, quando houve o ápice do surto no país.
“Há previsão que 50% da população dos Estados Unidos (por volta das 150 milhões de pessoas) sejam contaminadas pelo vírus. Na Alemanha, a projeção é de 70%. O pico de vírus é esperado nas próximas oito semanas, declinando a partir de então”, estima o banco.