O presidente Michel Temer disse que o governo não considera a possibilidade de ceder o controle da Embraer à Boeing, em caso de eventual compra da fabricante brasileira pela americana. Ele disse que o assunto está sendo analisado pelo ministério da Defesa e pela Aeronáutica, e que ainda não chegou ao seu gabinete. As duas empresas confirmaram negociações na quinta-feira, após notícia divulgada pelo Wall Street Journal.
O presidente considera que o interesse é positivo, mas que a transferência do controle — que é detido pela União através de uma ação especial — não está sendo discutida. “Toda parceria é bem-vinda. O que não está em cogitação é a transferência do controle”, afirmou Temer.
Depois, o presidente detalhou. “A injeção desse capital estrangeiro, seja da Boeing ou de outros, será muito bem-vinda na Embraer. A dificuldade que existe neste tema é a transferência. Em princípio, a Embraer é uma empresa brasileira”, disse Temer após café da manhã com jornalistas em Brasília. “Quando chegar a mim, examinarei”, completou o presidente.
A divulgação da notícia de que as duas empresas negociavam fez as ações da Embraer dispararem durante a tarde no pregão, encerrando o dia com alta de 22,5% na bolsa de valores de São Paulo. O valor de mercado da companhia subiu cerca de 3 bilhões de reais em um único dia.
A parceria entre as duas empresas é vista por especialistas como a chance de fazer frente à associação entre a Airbus e a Bombardier, anunciada em outubro. Enquanto a fabricante francesa é rival da Boeing em aeronaves de grande porte, a empresa canadense compete com a Embraer nos segmentos de aviação regional e executiva.
A Boeing e a Embraer disseram estar em negociação para possível combinação dos seus negócios. Mas afirmaram que não há garantia de qualquer transação que possa resultar desse processo.
A Embraer é uma empresa de capital aberto, mas a União Federal detém ações com poder de dar a palavra final em decisões estratégicas, mesmo sem ser acionista controlador — a chamada golden share.