A 7ª rodada de leilões de aeroportos guardou a ‘joia da coroa’, o aeroporto de Congonhas, para atrair investidores e garantir o sucesso do leilão. No entanto, a rodada foi menos movimentada que as anteriores. O bloco principal, que além de Congonhas agregava outros dez terminais localizados nos estados do Pará, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, recebeu apenas a proposta do grupo espanhol Aena, que o arrematou por 2,45 bilhões de reais, com ágio de 231% da proposta inicial, definida em 740 milhões de reais pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Houve disputa em viva-voz apenas pelo bloco Norte 2, composto pelos aeroportos de Belém (PA) e Macapá. O grupo vencedor foi o consórcio Novo Norte Aeroportos, formado pelas empresas Diz e Socicam, com lance de 125 milhões de reais, ágio de 119,78%.
O terceiro bloco leiloado, de Aviação Geral, composto pelos terminais Campo de Marte (SP) e Jacarepaguá (RJ), voltado a aviação civil, foi arrematado pela XP Infra IV, por 141,1 milhões, 0,01% a mais do que o lance mínimo. O leilão foi realizado nesta quinta-feira, 18, na sede da B3, em São Paulo.
O programa de concessão aeroportuária do Brasil repassou à iniciativa privada 77,5% do tráfego nacional entre os anos de 2011 e 2021. Com o fim da 7ª rodada e o arremate dos 15 terminais, o percentual do tráfego em terminais privados deve chegar a 91,6%. Durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), haviam sido transferidos para iniciativa privada 34 aeroportos, entre os quais estão os terminais de Recife, Vitória, Curitiba, Manaus e Goiânia. Com as concessões de hoje, chega a 48 o número de terminais repassados para a iniciativa privada de 2019 para cá.
Investimentos
O grupo espanhol que arrematou Congonhas já administra outros seis terminais no Brasil: Recife, Juazeiro do Norte, João Pessoa, Campina Grande, Aracaju e Macaé. São esperados investimentos de 5,8 bilhões de reais ao longo dos 30 anos de contrato, segundo a Anac. Só em Congonhas, o futuro concessionário deverá investir perto de 3,3 bilhões de reais. Entre as obras que deverão ser realizadas pelo novo concessionário estão o aumento do pátio dos aviões, expansão do terminal de passageiros, novas esteiras de restituição de bagagem, entre outras. Atualmente, Congonhas é o segundo aeroporto mais movimentado do país, ficando atrás apenas do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Segundo a Anac, 22 milhões de pessoas foram transportadas via este terminal em 2019, ano antes da pandemia, e a estimativa é que possa passar para 30 milhões de pessoas, após a concessão. No bloco norte, a estimativa é de 874,7 milhões de reais, que deverão ser investidos por parte do consórcio vencedor. No lote de aviação geral, os aportes dentro do período de concessão esperado são de 552 milhões de reais.
Após a sétima rodada de leilões, a Infraero, estatal que administra os aeroportos, passa a ser majoritária apenas no Santos Dumont, no Rio de Janeiro. A programação inicial do Ministério de Infraestrutura era leiloar o terminal junto com Congonhas, porém, ele foi retirado do lote e deve ser negociado junto com o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, que foi devolvido pelo concessionário e passará por relicitação. A estimativa é que essa concessão seja feita em 2023, já por uma nova gestão — seja ela um novo mandato de Jair Bolsonaro (PL) ou governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).