Grupo norueguês admite que contaminou rio no Pará
Chuvas pesadas e enchentes na fábrica em fevereiro levantaram o temor de vazamentos de resíduos tóxicos de bauxita no entorno da refinaria
O grupo norueguês Norsk Hydro admitiu nesta segunda-feira que a Hydro Alunorte, sua fábrica de alumínio localizada em Barcarena (PA), despejou água não tratada no rio Pará. “Nós descartamos água de chuva e da superfície da refinaria não tratadas no rio Pará. Isso é completamente inaceitável e contraria o que a Hydro acredita”, afirmou em nota Svein Richard Brandtzaeg, CEO da empresa.
No mesmo comunicado, ele pede desculpas e anuncia que a companhia fará uma auditoria interna e revisão de processos. “Em nome da companhia, pessoalmente peço desculpas às comunidades, às autoridades e à sociedade. Isso ressalta a importância de uma revisão completa da Alunorte, incluindo interfaces da operação com áreas adjacentes e a situação de licenciamento da planta para verificar o cumprimento integral das licenças. Precisamos do entendimento total para que possamos implementar as ações necessárias “, diz o CEO.
O grupo já foi autuado com duas multas de 20 milhões de reais cada uma. Chuvas pesadas e enchentes na fábrica na metade de fevereiro levantaram o temor de vazamentos de resíduos tóxicos de bauxita no entorno da refinaria e avisos feitos pelo governo de contaminação na região. Antes do pedido de desculpas do CEO, o porta-voz da Hydro, Halvor Molland, admitiu que a empresa decidiu vazar águas retidas em duas ocasiões, depois que chuvas pesadas aumentaram a pressão na planta de tratamento. “O canal que usamos para essas emissões não é coberto pela nossa permissão”, disse Molland à época, acrescentando que a empresa notificou depois as autoridades. “Nós não temos indicações de que essa emissão controlada teve algum impacto negativo no meio ambiente”.
A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará voltou a autuar a mineradora na última quinta-feira (15), após fiscais identificarem uma ligação entre a canaleta de escoamento de água das chuvas do galpão de carvão e o sistema de drenagem da fábrica ao lado, a Albras, que culmina no Rio Pará.
Segundo a secretaria estadual, parte da água pluvial acumulada no interior do terreno da refinaria da Hydro AluNorte era lançada ao exterior por meio desta ligação clandestina sem antes passar pelo sistema de tratamento de efluentes industriais, conforme estabelece a licença de operação concedida à empresa. De acordo com a secretaria estadual, mesmo que o material despejado não se trate de resíduos diretos da produção, precisa ser tratado, pois pode estar contaminado.
(Com Reuters e Agência Brasil)