Nesta quarta-feira, 16, após o Federal Reserve anunciar que manterá os benefícios fiscais nos Estados Unidos por um longo período, o Ibovespa fechou na maior alta desde janeiro de 2020, em 117.857,4 pontos, em uma variação diária de 1,47%. Ontem a bolsa brasileira já havia zerado as perdas do ano, um marco importante para o mercado que no ano sofreu com o forte baque da Covid-19 e com o crescente risco fiscal do país agravado pelo auxílio emergencial e pela diminuição da arrecadação de impostos. Fatores domésticos também contribuíram com a alta. “Aqui no Brasil tivemos a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Por mais que restem dúvidas é um sinal positivo. Houve ainda o leilão de 800 milhões de dólares pelo Banco Central, que foi totalmente comprado, mostrando um apetite pela moeda americana”, diz André Perfeito, economista da Necton.
A forte alta da bolsa brasileira confirma que ela continuará surfando nas altas ondas das bolsas do mercado americano mesmo com a maré negativa dos gastos públicos brasileiros que se encerrarão em 2020 próximos a 100% do PIB. Nessa quarta-feira 16, a Nasdaq bateu mais um recorde histórico e fechou a 12.658,19 dólares, acumulando no ano uma alta de 41%, diante do bom desempenho e do potencial de ainda mais crescimento das empresas de tecnologia. Já o S&P 500 fechou em 3.701,17 dólares, próximo ao recorde histórico batido no dia 8 de dezembro.
Nos Estados Unidos as altas se devem à aproximação da aprovação de um novo pacote de estímulos no Congresso, o que, junto com o anúncio do Fed, impulsionará ainda mais os mercados e derreterá a moeda americana. Para países emergentes como o Brasil, a manutenção da política monetária do Fed é benéfica porque atrai mais investimentos estrangeiros ao país.
Apesar disso, o dólar comercial fechou em leve alta, a 5,0858 reais. No mercado internacional, no entanto, a moeda americana caiu em relação a uma cesta de moedas, principalmente o euro. O DXY, o índice do dólar, estava em torno de 90,2 por volta das 19h20 e na variação intradiária caiu para o menor nível desde abril de 2018.
Após as últimas divulgações mais importantes do ano que impactaram positivamente a bolsa brasileira, como as projeções e anúncios do Fed e do Banco Central Europeu, o início da vacinação nos países e a consolidação de Joe Biden na presidência dos EUA, alguns analistas apostam que a bolsa brasileira apenas subirá mais caso haja surpresas fora do que já paira no radar econômico. “Os índices já estão muito esticados e, se pudermos imaginar algo para os próximos dias, precisaremos de novas notícias para avançar mais”, diz Perfeito.