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Ibovespa flerta com máxima histórica e fecha em alta pelo 8º pregão seguido

Índice é impulsionado por um ambiente externo favorável e uma maior confiança no cenário corporativo brasileiro

Por Luana Zanobia Atualizado em 15 ago 2024, 21h57 - Publicado em 15 ago 2024, 17h22

O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira, 15, aos 134.153,42 em sua oitava alta consecutiva. Com isso o indicador encostou na máxima histórica, de 134.193,72 pontos, alcançada em dezembro do ano passado.

O que chama atenção é a resiliência do mercado em um momento em que o vento não sopra favorável, com incertezas fiscais e a espera de votações cruciais, como a desoneração da folha de pagamento, adiada para a próxima semana. Contudo, a expectativa de que o Federal Reserve, o banco central americano, inicie um ciclo de cortes de juros tem contribuído para que o índice navegue por águas mais tranquilas.

O pano de fundo dessa performance robusta tem sido o ambiente externo. O temor de uma recessão nos Estados Unidos, que havia desencadeado a “segunda-feira sangrenta” no dia 5 de agosto, foi temporariamente aliviado. Dados recentes da economia americana, como os números de varejo e auxílio-desemprego divulgados nesta quinta-feira, mostram que a economia ainda está aquecida.

Esses indicadores reduziram as expectativas sobre a magnitude dos cortes de juros, de 0,50 ponto percentual para 0,25 ponto, mas confirmaram que o afrouxamento monetário está a caminho. “Esse cenário mais benigno no exterior tem atraído novamente investidores estrangeiros para a B3, ajudando a sustentar e elevar os preços à medida que esses investidores retomam o interesse pelo nosso mercado”, avalia Junior Reginatto, chefe de renda variável da Nippur Finance.

Projeções de analistas e bancos reforçam o otimismo quanto ao futuro do Ibovespa. Estimativas da XP, realizadas no final de julho, indicam que o índice pode alcançar 147 mil pontos até o final do ano. O Itaú, por sua vez, projeta um valor ainda mais alto, próximo a 150 mil pontos, sinalizando que o mercado continua a enxergar potencial de valorização. Esse otimismo é amplamente impulsionado pela expectativa de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos, o que tende a beneficiar os mercados emergentes. ‘Quando o ciclo de cortes de juros nos EUA realmente começar, é provável que vejamos uma realização de lucros no mercado americano, o que, por sua vez, aumentaria o apetite por ativos de maior risco,’ explica Alan Martins, analista da Nova Futura Investimentos.”

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No contexto doméstico, a possibilidade de um aumento dos juros no Brasil não parece ser um obstáculo significativo para a continuidade da valorização da Bolsa. “Uma possível elevação na Selic não seria suficiente para desestimular a valorização da Bolsa, já que o corte de juros nos EUA pode tornar o mercado brasileiro mais atraente, mesmo com esse aumento”, pondera Martins. Ele ainda acrescenta que, além da atratividade da Bolsa, o Brasil poderia se beneficiar do chamado carry trade. Nessa estratégia financeira, os investidores tomam empréstimos em uma moeda com juros baixos, no caso os EUA, e investem em outra moeda que oferece juros mais altos, no caso o Brasil. Quando investidores internacionais adotam essa estratégia,  há uma maior demanda por reais (para converter dólares em reais e investir no Brasil). Esse aumento na demanda pela moeda brasileira pode levar à apreciação do real.

Os resultados financeiros das empresas brasileiras também têm contribuído para o impulso do Ibovespa. Segundo levantamento do BTG Pactual, cerca de 65% das empresas que já divulgaram seus balanços apresentaram resultados sólidos no segundo trimestre de 2024, reforçando a confiança no cenário corporativo brasileiro. Anderson Silva, sócio da GT Capital, observa uma mudança na forma como os investidores interpretam esses resultados. “O que tem me chamado a atenção é a interpretação mais madura dos resultados corporativos. Mais do que olhar para um número isolado, os investidores estão focando no potencial de crescimento das empresas. Um desempenho modesto em um trimestre não significa que a empresa não terá um bom ano ou futuro, e os investidores estão começando a entender isso”, afirma Silva.

No entanto, a realização desse cenário otimista depende também da política interna. O governo enfrenta um impasse com o Congresso na tentativa de aumentar a arrecadação e cumprir a meta de déficit zero. “Se o ambiente doméstico também colaborar, podemos esperar um final de ano bastante promissor”, afirma Reginatto.

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