O risco de os Estados Unidos darem um calote na dívida e o impasse político entre republicanos e democratas podem comprometer a classificação de crédito do país, alertou a agência de classificação Fitch Rating. Na última quarta-feira, 24, a Fitch classificou o crédito americano em observação negativa (rating watch negative, em inglês). Isso indica que a capacidade de pagamento do governo americano está se deteriorando, o que reflete a insegurança causada pelo atual debate sobre o teto da dívida.
A Fitch, que figura entre as três principais agências de classificação de crédito ao lado de Moody’s e S&P, pode rebaixar a classificação “AAA” do país, caso o Congresso, dividido ente republicanos e democratas, não cheguem a um acordo para aumentar o limite de endividamento dos Estados Unidos. Em 2011, a agência S&P rebaixou o crédito do país para AA+, e ainda não restaurou a classificação uma década depois. A Fitch expressa preocupação com o crescente partidarismo político que está criando obstáculos para uma resolução que eleve ou suspenda o limite da dívida. Porém, a agência ainda acredita que uma resolução será aprovada antes da data de vencimento do limite atual da dívida.
A agência de classificação de crédito DBRS Morningstar também colocou a classificação AAA dos Estados Unidos em revisão, expressando preocupação com a possibilidade de o Congresso não chegar a um acordo. O alerta aumenta a tensão no mercado de que outras reajam à situação. O rebaixamento em 2011 provocou uma onda de vendas de ativos de risco, mas paradoxalmente impulsionou os títulos do Tesouro. Estrategistas do JP Morgan e do Morgan Stanley advertiram que o impasse pode prejudicar as perspectivas para o mercado de ações. Além disso, o iene, moeda vista como refúgio em momentos de crise, apresentou valorização com o alerta da Fitch. Apesar disso, os rendimentos dos títulos de referência do Tesouro de dez anos se mantiveram altos e as bolsas seguem com sinais mistos, mas sem grandes impactos. O S&P e o Nasdaq continuam operando em alta, enquanto Dow Jones registra quedas.
As negociações continuem travadas e aumenta a preocupação com a data limite. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, alertou que o país pode ser incapaz de saldar suas dívidas até o dia 1º de junho. A possibilidade de um histórico default preocupa tanto os Estados Unidos quanto economias ao redor do mundo, pois um calote poderia desencadear uma recessão global e causar um aumento nos custos de empréstimos para o governo e os cidadãos americanos, prejudicando o crescimento econômico.
A Casa Branca citou a ação da Fitch como um sinal de urgência para aumentar o teto da dívida. O Departamento do Tesouro também reforçou que qualquer dúvida em relação ao limite da dívida pode prejudicar empresas e famílias americanas, aumentar custos de empréstimos de curto prazo para os contribuintes e ameaçar o rating de crédito do país, insistindo na urgência de uma ação bipartidária para lidar com a situação.