Inflação desacelera para 0,11% com queda no preço de alimentos
Segundo o IBGE, comer em casa ficou mais barato e fora, mais caro; no ano, a taxa acumula 2,54%
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, ficou em 0,11%, em agosto, puxado pela queda nos preços de alimentos como o tomate.
A taxa representa ligeira desaceleração frente ao mês anterior, quando o índice de inflação oficial do país ficou em 0,19%, mas representa resultado acima do registrado no mesmo período do ano passado, quando houve deflação de 0,09%. No ano, a taxa acumula 2,54%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De julho para agosto, houve deflação em três dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE. A variação negativa com maior influência veio de alimentação e bebidas, que teve queda de 0,35%. Segundo o IBGE, comer em casa ficou mais barato e se alimentar fora, mais caro. Alguns dos principais alimentos consumidos no dia a dia dos brasileiros como o tomate (-24,49%), a batata inglesa (-9,11%) e as hortaliças e verduras (-6,53%) tiveram quedas representativas. Já o desempenho da atividade alimentação fora de casa, por sua vez, acelerou de julho para agosto, de 0,15% para 0,53%, com alta nas atividades de refeição (0,52%) e lanche (0,47%).
Outro grupo que apresentou deflação, de 0,39%, foi o de transportes, influenciado pelo preço das passagens aéreas, que tiveram redução de 15,66%, depois de altas de 18,90% e 18,63% em junho e julho, respectivamente. “Após os reajustes nos meses de férias, as passagens ficaram com uma base mais alta, e agora voltam para uma base mais baixa”, diz Pedro Kislanov, no relatório da pesquisa.
O mês só não teve deflação por causa do desempenho do grupo habitação, de 1,19%, principal impacto positivo no IPCA, fruto principalmente do aumento de 3,85% na energia elétrica. “Isso ocorreu em razão da entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 1, em agosto, que acrescenta às contas de luz uma cobrança de 4,00 reais a cada 100 quilowatts-hora consumidos”, afirma o IBGE, no balanço da pesquisa. O sistema de bandeiras tarifárias sinaliza o custo real da energia gerada, possibilitando aos consumidores o controle do uso da energia elétrica. As cores verde, amarela ou vermelha (nos patamares 1 e 2) indicam se a energia custará mais ou menos em função das condições de geração — bandeira vermelha 2 é a que possui o custo mais alto.
Por capitais, entre as 16 regiões pesquisadas, sete tiveram deflação: Vitória (-0,50%), Aracaju (-0,47%), São Luís (-0,31%), Campo Grande (-0,21), Belém (-0,20), Rio de Janeiro (-0,06) e Porto Alegre (-0,04%). O instituto destaca o caso da capital do Espírito Santo, Vitória, em que a queda nos preços foi pressionada pela redução de 6,48% no valor das tarifas de energia elétrica, vigente desde 7 de agosto.
Nos últimos 12 meses, a inflação ficou em 3,43%, acima dos 3,22% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. O resultado está abaixo do centro da meta da inflação deste ano, definida em 4,25% pelo Conselho Monetário Nacional. A taxa, no entanto, está dentro da margem de erro, que é de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima (2,75% a 5,75%). Segundo o Boletim Focus divulgado nesta semana pelo Banco Central, o mercado financeiro espera um IPCA para 3,59% no ano.