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Inflação deve minimizar efeito da redução do IPI, diz dona da Fiat

Presidente da Stellantis para América Latina, Antonio Filosa vê medida do governo com bons olhos, mas acredita que valor de automóveis não irá reduzir

Por Felipe Mendes Atualizado em 5 mar 2022, 18h37 - Publicado em 4 mar 2022, 13h35
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  • Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 4, o italiano Antonio Filosa, presidente da Stellantis (conglomerado de marcas como Citroën, Fiat, Jeep e Peugeot) para a América Latina, parabenizou o governo pelo anúncio da redução do Imposto de Produtos Industrializados (IPI), anunciado na última semana. A medida, que passou a valer no último dia 1º, reduziu o IPI de vários produtos em até 25% — no caso dos automóveis, o corte é de 18,5%. Apesar dos elogios, Filosa reconhece que o efeito da proposta será apenas ‘paliativo’ e não trará grandes impactos para a redução no preço dos automóveis.

    “A gente sempre diz que um dos motivos para a falta de competitividade na indústria brasileira é a alta carga tributária. Por esse lado, toda a melhoria da carga tributária é, claramente, excelente para nós. Acredito que isso que o governo fez foi um excelente passo. Parabéns para a equipe economica que trouxe essa possibilidade”, diz ele. “Agora, é preciso entender o contexto que estamos, que é um contexto, como nunca, inflacionário. Primeiro nós tivemos o impacto da Covid, depois as restrições na cadeia de componentes, como microchips e outros, e, agora, sofremos o risco de uma nova onda inflacionária das commodities, que pode surgir em decorrência do conflito da Rússia com a Ucrânia”, reitera.

    Ele disse, ainda, que “independentemente do corte no IPI” os custos dos insumos da cadeia automobilística crescem ano após ano e, portanto, não é possível prever redução nos preços dos veículos. “A redução chega em um momento muito bom. A gente espera que essa redução na carga tributária seja um alívio para o cliente final, mas temos uma carga inflacionária muito grande neste momento. No médio e no longo prazo teremos benefício, mas, agora, tem uma bolha inflacionária”, afirma. Para ele, a extensão do conflito entre Rússia e Ucrânia trará mais pressão ainda para a cadeia. “Os fluxos logísticos daquela região foram interrompidos. É um evento terrível e que, do ponto de vista dos negócios, tem como primeiro efeito a inflação.”

    No primeiro bimestre do ano, a Fiat, principal marca do grupo, foi líder de mercado no Brasil, com participação estimada em 20,9% e 49.715 unidades vendidas. Ao todo, o grupo obteve a marca de 80.675 carros emplacados no país, o que o coloca com uma fatia de 39,9% do mercado. Entre 2022 e 2025, a Stellantis lançará 16 novos modelos no país, além de 28 reestilizações e 7 modelos elétricos e híbridos. Um dos objetivos da empresa é trazer novas opções de pick-ups ao mercado, trazendo parte da produção da grife RAM para o país nos próximos anos.

    “Claramente, os modelos RAM importados hoje não têm nada de baratos, dado o luxo que representam. São opções premium no mercado de pick-ups. Mas estamos fazendo estudos para expandir a marca com um viés brasileiro. Os novos produtos não serão baratos, mas poderão abranger classes maiores de consumidores”, afirma Filosa. “Temos gerado bastante simpatia em torno desse projeto de trazer a produção para o país por parte do CEO global, que conhece o mundo do agrobusiness brasileiro, e também pela proposta de lifestyle que essa marca dá. Se a gente conseguir convencer os acionistas, acredito que temos boas chances de fazer com a RAM o que Jeep fez no Brasil.”

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