Inflação dos EUA fica estável e abre caminho para corte nos juros
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) desacelerou para 3,3% na taxa anual
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos ficou em estabilidade em maio após avanço de 0,3% em abril. Esse cenário pode favorecer a expectativa de corte de juros. No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa subiu 3,3%, mostrando uma desaceleração em comparação aos 3,4% registrados em abril. A expectativa do mercado era de um índice acumulado em 3,6% para o período.
O núcleo do CPI, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, registrou alta de 0,2% em maio, reforçando a tendência de desaceleração em relação ao mês anterior. A desaceleração do ritmo de alta do custo de vida surpreendeu analistas. Nos meses de março e fevereiro, o CPI havia registrado aumentos superiores às expectativas.
Esses dados são cruciais para as expectativas de política monetária do Federal Reserve (banco central americano, Fed), que decide nesta quarta-feira os rumos da política monetária do país. A divulgação do comunicado às 15h é aguardada com grande interesse, pois o mercado tenta prever quando os cortes de juros, já considerados prováveis pelo Fed, poderão começar.
A relação entre inflação e a política de juros é direta: uma inflação mais alta distancia a autoridade monetária da meta de 2% ao ano, possivelmente adiando o início de um ciclo de cortes de juros. Por outro lado, uma inflação mais baixa pode antecipar essa ação. O nível das taxas de juros nos Estados Unidos influencia a atratividade da renda fixa global e tem implicações significativas para os mercados acionários, especialmente aqueles considerados mais arriscados, como o brasileiro.
Segundo Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, o dado do CPI hoje é mais uma sinalização de que a aceleração de preços no primeiro trimestre ficou para trás. “Vínhamos observando sinais de desaquecimento no mercado de trabalho, imóveis e serviços, mas o dado que realmente importa é o CPI. E hoje ele mostrou que a história de desaceleração é a mais provável. O especialista também destacou que o Fed provavelmente manterá um discurso cauteloso no comunicado desta tarde, aguardando uma sequência maior de dados de CPI futuros para sinalizar a iminência de uma queda de juros. “O mercado está dividido entre a expectativa de uma ou duas quedas de juros ainda este ano, mas com os dados recentes, algumas opiniões começam a considerar até três cortes”, diz.
Para o Brasil, essa notícia é relevante, pois pode resultar em menos pressão altista no dólar nos próximos meses, aliviando parte da volatilidade cambial que impacta diretamente a economia brasileira.
A perspectiva de desaceleração da inflação nos EUA e a possível antecipação dos cortes de juros pelo Fed são fatores que tendem a beneficiar os mercados emergentes. Com um custo do dinheiro mais baixo, a atratividade dos investimentos em mercados de maior risco, como o Brasil, aumenta, favorecendo uma possível recuperação econômica e maior estabilidade financeira no cenário global.