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Investigação do MPF pode levar à rescisão de leniência da J&F

O procedimento foi instaurado, segundo o documento, em razão de fatos ocorridos na delação premiada de executivos do grupo

Por Da redação
Atualizado em 9 out 2017, 20h48 - Publicado em 9 out 2017, 20h41
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  • O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília abriu na sexta-feira investigação para avaliar eventual descumprimento do acordo de leniência firmado com a holding J&F, segundo despacho obtido pela Reuters. A investigação tem prazo de um ano e corre sob sigilo.

    A investigação pode resultar em aditamento aos termos do acordo, com o grupo assumindo responsabilidade por crimes constatados, uma repactuação, a rescisão ou mesmo a manutenção do acordo. O procedimento foi instaurado, segundo o documento, em razão de fatos ocorridos na delação premiada de executivos do grupo.

    O documento cita o pedido de rescisão do acordo de colaboração premiada feito pela Procuradoria-Geral da República contra Joesley Batista e Ricardo Saud por suposta omissão de informação na delação, motivo que os levou a prisão cautelar.

    Outro fato relatado é a suspeita de uso de informação privilegiada, que também culminou em decretos de prisão contra Joesley e seu irmão Wesley Batista. O despacho cita ainda novos áudios gravados por delatores do grupo, que foram tornados públicos também com suspeita de ocultação de informações.

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    “Esses fatos, analisados ainda em juízo meramente delibatório, podem atrair consequências na leniência e que é objeto deste procedimento administrativo, ante a existência de cláusulas explícitas que versam sobre omissão e sonegação de informações ligadas a fatos sobre os quais a colaboradora se obriga a cooperar, bem como cláusula explícita que estabelece o princípio da boa-fé contratual”, diz o despacho.

    O acordo assinado no dia 31 de maio entre o MPF e o grupo prevê o pagamento, em 25 anos, e multa recorde de 10,3 bilhões de reais por atos praticados por controladas da J&F. Depois,foi homologado pela Câmara de combate à Corrupção do órgão e ratificado pela Justiça Federal no Distrito Federal.

    Contudo, em 11 de setembro a Justiça decidiu suspender parte dos efeitos da leniência da J&F até uma decisão final do STF sobre a validade do acordo de delação premiada dos executivos do grupo. A decisão atingia repercussões penais que podiam envolver pessoas ligadas ao grupo, mas os efeitos civis da leniência continuavam válidos.

    O novo despacho do MPF destaca que, por ora, não há qualquer suspensão da leniência e que até uma manifestação final o grupo e as empresas controladas que tenham aderido ao acordo seguem “gozando todos seus efeitos legais e contratuais” até que haja uma decisão fundamentada sobre o caso.

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    Providências

    Para instruir a investigação, a Procuradoria da República no DF determinou o pedido de informações para PGR, a Procuradoria da República em São Paulo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

    O MPF determinou encaminhar ofícios para Controladoria-Geral e o Tribunal de Contas da União, CVM, Previc, BNDES, Caixa Econômica Federal, Petros e Funcef, para que manifestem interesse em participar da discussão com a J&F de eventual aditamento do acordo firmado.

    (Com Reuters)

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