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Especialistas veem tendência de alívio na inflação, mas BC deve manter juros altos

Inflação dá sinais de alívio, mas núcleos pressionados sustentam expectativa de juros estáveis com a reunião do Copom na semana que vem

Por Camila Pati Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 jul 2025, 12h03 - Publicado em 25 jul 2025, 11h03

Especialistas consideram que o resultado do IPCA-15 impõe cautela ao Banco Central e reforça a perspectiva de juros elevados por mais tempo. Alguns analistas enxergam uma desaceleração inflacionária em curso mas destacam esta ainda convive com núcleos pressionados e serviços resilientes, o que não altera a expectativa pela manutenção de juros elevados na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana.

Nos primeiros 15 dias de julho, a alimentação em casa teve um alívio, mas a conta de luz e gastos com transporte por aplicativo e passagens aéreas pesaram no bolso do consumidor. A variação de 0,33% do IPCA-15, a prévia da inflação em julho, foi em grande parte puxada por aumentos em dois grupos. Habitação e Transportes. Com variações de 0,98% e 0,67%, respectivamente, esses dois grupos representaram por 85% da inflação observada no mês. Por outro lado, houve um recuo de 0,4% nos preços da alimentação no domicílio, segundo mostrou o IBGE, nesta sexta-feira, 25.

Para José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School, a leitura do dado deve considerar que, embora a elevação tenha sido leve, ela existe. “Não foi uma elevação significativa, mas foi uma elevação. Portanto, deve ser entendida sob essa perspectiva”, afirmou.

Além de Habitação e Transportes, ele também cita a pressão foi o grupo Saúde, com os reajustes nos planos de saúde,  tanto empresariais quanto individuais, que superaram os 6%. “Em que pese o fato de ter um controle, eles tiveram um aumento superior a 6%, então também estão pressionando a inflação para cima”, diz o professor

A sua análise é que os dados indicam que o Banco Central ainda não deve iniciar um ciclo de cortes da Selic:  “Ainda a gente não pode dizer que os efeitos de uma taxa básica elevada estão repercutindo na redução dos índices de preços. Isso é um dado negativo que deve ser levado em consideração. Pode ser que a gente não tenha mais aumentos na taxa básica, mas a expectativa é que, em se mantendo esta situação, a gente também não deva ainda ter o início de uma queda da Selic.”

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A mesma avaliação é feita por Claudia Moreno, economista do C6 Bank. Para ela, os núcleos inflacionários continuam pressionados, e o mercado de trabalho aquecido limita o espaço para afrouxamento monetário. “O alívio recente é temporário. Nossa projeção é de que a Selic continue em 15% até o fim de 2026”, afirmou.

Para Leonardo Costa, economista do ASA, o resultado ficou próximo da expectativa da casa , que era de +0,35%,  e acima da expectativa geral do mercado, em torno de 0,29% e 0,30%. Ele destacou a surpresa para baixo em alimentos,  com a deflação nos itens in natura e nas carnes, e também um avanço mais modesto na energia elétrica do que o previsto. Por outro lado, a alta mais forte nas passagens aéreas compensou parcialmente essas surpresas.

Segundo Costa, o núcleo da inflação, medido pela média de quatro indicadores, avançou 0,30%, exatamente como previsto. “Houve surpresa para baixo nos bens industrializados (com deflação em vestuário e artigos de residência), compensada pela surpresa para cima no núcleo de serviços, com destaque para alimentação fora do domicílio”, afirmou.

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Média móvel em desaceleração

Um  ponto destacado pelo economista é que média móvel de três meses dos núcleos segue em desaceleração, aproximando-se do teto da meta de inflação, de 4,5%. “As taxas mensais mais elevadas do núcleo de serviços ficaram para trás, com importante arrefecimento nos itens relacionados à mão de obra”, disse.

Diante disso, as projeções do ASA para a inflação devem ser revistas para baixo. “A projeção do IPCA de julho deve ser reduzida (atualmente em +0,40%), bem como as projeções para 2025 e 2026, hoje em +5,2% e +5,5%, respectivamente. A queda do preço das commodities em reais e o esfriamento nos bens industrializados são os principais motivadores para essa revisão. Também observamos dados qualitativos melhores no núcleo de serviços, ainda que a desaceleração deva ser mais gradual.”

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Na mesma linha, André Valério, economista sênior do Inter, também apontou na sua análise que o núcleo da inflação ficou estável em 0,3% e a média móvel de três meses atingiu o menor patamar desde novembro de 2024. No entanto, também enxerga a pressão da inflação de serviços  que acelerou de 0,3% para 0,7%, influenciada pela energia e passagens. “A inflação de serviços subjacentes, medida menos sensível à política monetária, avançou para 0,45%, patamar ainda elevado. Porém, a inflação de serviços intensivos em trabalho recuou de 0,48% para 0,26%, sugerindo menor repasse inflacionário vindo de um mercado de trabalho ainda robusto”, disse.

Outro ponto relevante do resultado do IPCA- 15 é que  ela está menos difusa, ou seja,  menos itens ficaram mais caros. A queda no índice de difusão  de 58% para 51%,  marca o menor desde julho de 2024,  o que indicando perda de fôlego no processo inflacionário.

Na visão de Valério, embora o resultado venha em linha com uma tendência de melhora, ainda há um patamar desconfortável para a política monetária. Ele afirma que o Copom deve manter os juros na próxima reunião e só iniciar um ciclo de cortes em dezembro, com inflação mais contida e sinais mais claros de desaceleração da atividade econômica.

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Os fatos que mexem no bolso são o destaque da análise do VEJA Mercado:

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