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IPCA é alívio temporário e não deve reverter alta de juros dizem analistas

Um dos principais fatores para deflação em agosto é a queda nos valores das contas de luz, que teve bandeira tarifária verde

Por Camila Pati Atualizado em 10 set 2024, 11h43 - Publicado em 10 set 2024, 11h20
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  • A  deflação de 0,02% no IPCA de agosto trouxe alívio temporário ao cenário econômico, mas não afastou as expectativas de uma possível alta nos juros. Especialistas alertam que, embora o dado seja positivo em alguns setores, ele pode não ser suficiente para alterar a decisão sobre política monetária do Banco Central de forma significativa. Embora ainda haja setores que apostem na manutenção dos juros, as projeções de alta gradual ganharam mais força nos últimos dias.

    “Números muito bons, não sei se vai dar tempo para consolidar a visão de manutenção da Selic na próxima reunião (já na próxima quarta-feira)“, diz Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

    Entre os principais fatores que contribuíram para a deflação, destacam-se as quedas nos setores de habitação (-0,51%) e alimentos e bebidas (-0,44%). No entanto, Flávio Riberi, professor da FIPECAFI, destaca que o resultado é passageiro. “A deflação reflete a queda de 2,77% nas contas de energia, mas esse efeito é temporário, já que em setembro teremos a bandeira vermelha, o que certamente reverterá essa tendência”, explica Riberi.

    O retorno às aulas também impactou o índice, especialmente no setor de educação, que subiu 0,73%. Igor Cadillac, economista do PicPay, aponta que a estabilidade no setor de transportes foi influenciada pela queda de 4,93% nas passagens aéreas e pelo fim do reajuste nos preços dos combustíveis. “A educação liderou as altas, seguida por saúde e cuidados pessoais (0,25%), artigos de residência (0,74%) e vestuário (0,39%)”, afirma Cadillac.

    A influência desses resultados sobre a decisão do Copom também foi avaliada por Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, que ressaltou a desaceleração em grupos importantes para o Banco Central, como serviços (0,24% versus 0,75%) e a média dos núcleos (0,25% versus 0,43%). “Essas quedas podem sinalizar um espaço para uma postura mais cautelosa em relação aos juros, mas há métricas que ainda preocupam, como a aceleração de serviços no acumulado dos últimos 12 meses”, diz Sung, que prevê Selic de 11,25% até o fim do ano.

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    O economista André Fernandes, da A7 Capital, também vê pressão sobre o Copom para aumentar os juros. “Apesar do alívio temporário, a inflação de serviços continua elevada e acima da meta, o que pode justificar uma elevação gradual da Selic”, afirma.

    Marcos Moreira, CFA e sócio da WMS Capital, acrescenta que, embora o dado de deflação tenha ficado abaixo das expectativas, a inflação de curto prazo segue desafiadora. “A inflação de serviços continua pressionada, e o mercado de trabalho aquecido gera uma demanda que mantém os núcleos de inflação elevados. Isso leva o mercado a acreditar que o Copom deve manter uma postura conservadora”, analisa.

    Moreira prevê uma alta moderada da Selic na próxima reunião, de 0,25%, refletindo o cenário internacional e a necessidade de controlar a inflação em um horizonte de médio prazo. “Enquanto o Banco Central Europeu e o Fed estão prestes a cortar juros, o Brasil deve seguir em direção oposta, com mais um aumento gradual da Selic, movido por pressões internas”, diz.

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