O executivo brasileiro Carlos Ghosn, detido há um mês no Japão sob a acusação de fraude fiscal, pode sair da prisão nas próximas horas após o pagamento de fiança. Um tribunal de Tóquio rejeitou nesta quinta-feira, 20, o pedido da Promotoria para prorrogar a detenção provisória do ex-presidente da Nissan.
A Promotoria de Tóquio pretende recorrer contra a decisão. “Vamos atuar de maneira apropriada”, afirmou o promotor adjunto Shin Kukimoto.
Ghosn presidia a aliança Nissan-Mitsubishi Motors-Renault. Após o escândalo de fraude fiscal, foi destituído da presidência das duas fabricantes japonesas, mas a Renault decidiu mantê-lo em seu cargo, uma situação que provocou uma crise na aliança entre as montadoras.
A decisão do tribunal não significa que Ghosn não será acusado pela segunda vez, explicou o advogado Yasuyuki Takai, ex-membro da unidade especial da Promotoria de Tóquio, a instituição que investiga o caso. “Sem dúvida (o tribunal) considera que agora já é possível decidir se ele deve ser indiciado ou não na segunda acusação, sem necessidade de prorrogar a detenção”, disse à agência France-Presse. “Além disso, é possível que seja detido por uma terceira acusação, ainda não sabemos”, completou.
Entenda o caso
Ghosn foi detido em 19 de novembro ao lado de seu braço direito, Greg Kelly, como resultado de uma investigação interna da Nissan. O executivo de 64 anos foi acusado de ter omitido em suas declarações de renda às autoridades da Bolsa quase 5 bilhões de ienes (170 milhões de reais) durante cinco anos, entre 2010 e 2015.
Os dois, que negam as acusações, também são suspeitos de terem repetido a fraude, entre 2015 e 2018, por um valor de 4 bilhões de ienes (135 milhões de reais), o que havia provocado a prorrogação do período de detenção. Além disso, a Nissan também afirma que seu ex-presidente utilizou ilicitamente residências de luxo pagas pela empresa ao redor do mundo.
A montadora também é investigada como pessoa jurídica, já que a Promotoria suspeita da responsabilidade da empresa, que forneceu os relatórios incriminatórios às autoridades da Bolsa.
(Com AFP)