O anúncio feito nesta quarta-feira, 5, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em favor da candidatura do também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforça apoios importantes que o petista vem costurando. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) vem negociando com governadores eleitos e em exercício, Lula tem sinalizações importantes dos ‘pais’ do Plano Real, um dos planos econômicos mais importantes da história do país.
Além de FHC, então ministro da economia em 1993 e 1994, os economistas André Lara Resende e Armínio Fraga sinalizaram votos em Lula na disputa do segundo turno contra Bolsonaro. Lara Resende declarou apoio a Lula ainda no primeiro turno, as vésperas da disputa. “É trazer de volta o estado democrático civilizado”, afirmou em entrevista ao jornal A Folha de S.Paulo. Já Armínio Fraga, que é ex-presidente do Banco Central, declarou na última terça, ao O Estado de S. Paulo que desistiu de anular seu voto em segundo turno e irá apoiar Lula. Na tarde dessa quarta, foi a vez de Pérsio Arida engrossar a defesa a Lula.
A sinalização de quadros importantes do Plano Real a Lula podem reforçar um dos pontos que mais geram desconfianças em relação a um novo governo do petista: a condução econômica. Ainda no primeiro turno, Lula costurou uma aliança com Henrique Meirelles, ex-presidente do BC nas gestões do petista e ex-ministro da Fazenda no governo de Michel Temer (MDB). Criador do teto de gastos, Meirelles é aventado como possível ministro da Fazenda em um eventual governo Lula, informação publicada em primeira mão pela coluna Radar Econômico. A grande preocupação do mercado financeiro e agentes de investimento é que Lula faça uma política mais intervencionista, deixando a responsabilidade fiscal e a agenda reformista de lado caso seja eleito. A sinalização de Meirelles e outros nomões da economia reforçam a visão de um governo com mais acenos ao centro e moderado em questões econômicas.
Plano Real
O Plano Real, programa com uma série de medidas responsáveis por estabilizar a hiperinflação da economia brasileira registrada no final da década de 1980 e no começo dos anos 1990, é a moeda mais longeva da história recente do Brasil. O real foi o oitavo plano econômico em oito anos e a quarta moeda no mesmo período. Em 1993, por exemplo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e que representa a inflação oficial do país, foi de 2.477%. O sucesso do real fez a economia brasileira caminhar rumo a uma estabilidade e, com a inflação para trás na lista de prioridades econômicas, abriu espaço para crescimento e desenvolvimento do país.