Luxemburgo ameaça Brasil e cogita não assinar acordo com o Mercosul
França e Irlanda já tinham pressionado o governo Bolsonaro a cumprir os termos do Acordo de Paris, enquanto a Finlândia propôs boicotar a carne brasileira
O governo de Luxemburgo não apoiará o acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul se o Brasil não cumprir de forma imediata as obrigações climáticas impostas pelo tratado e proteger a Amazônia, que há mais de dez dias vem sofrendo com incêndios.
O ministro das Relações Exteriores do país, Jean Asselborn, comunicou que, “diante de um desmatamento da Amazônia que causa incêndios dramáticos”, o governo “espera que os parceiros do Mercosul respeitem, inclusive antes da conclusão do acordo negociado, os compromissos do Acordo de Paris”.
“Luxemburgo não poderá respaldar a assinatura do acordo se o Brasil não se preparar para respeitar a partir de agora as suas obrigações a respeito do Acordo de Paris que estão nas negociações com a UE”, afirmou.
Asselborn e o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, vão propor ao conselho de ministros para que seja paralisada a decisão de assinar o acordo, que foi concluído no final de julho após mais de 20 anos de negociação, mas que precisa da aprovação dos Poderes Legislativos de todos os países envolvidos para entrar em vigor.
O acordo é o primeiro dos tratados de livre comércio envolvendo a União Europeia que inclui a obrigação de respeitar o Acordo de Paris pelo clima.
Luxemburgo considera que o acordo comercial é “uma oportunidade histórica”, mas acredita ser preciso mudar de rumo para garantir o “respeito à floresta amazônica, que é o pulmão do planeta” – embora, de fato, não o seja, já que consome a maior parte do oxigênio que produz.
Além de Luxemburgo, os governos de França e Irlanda também já ameaçaram não assinar o acordo se o Brasil não respeitar os compromissos de proteção do meio ambiente.
Já a Finlândia, que preside atualmente a União Europeia, propôs a possibilidade de impor restrições às importações de carne do Brasil, maior abastecedor mundial, como forma de pressionar o país a preservar a Amazônia e cumprir os acordos ambientais.