Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
ASSINE VEJA NEGÓCIOS

Manifesto da construção civil defende reforma trabalhista diante de avanços tecnológicos

Texto assinado por cinco entidades setoriais pede o apoio de políticas públicas para se adequar às novas tecnologias e à reforma tributária

Por Márcio Juliboni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 ago 2025, 15h44 - Publicado em 22 ago 2025, 15h27

O setor de construção civil lançou, nesta sexta-feira 22, um manifesto em que defende uma reforma trabalhista com o objetivo de adequar a legislação ao avanço da tecnologia e à reforma tributária, cuja transição deve ser concluída em 2033. O texto é assinado pelos presidentes do Sinduscon-SP, Yorki Estefan, da Abrainc, Luiz França, da CBIC, Renato Correia, do Secovi, Ely Wertheim, e do Sintracon-SP, Antonio Ramalho.

O documento lembra que o setor de construção civil é um dos maiores empregadores do país com cerca de 3 milhões de trabalhadores formais, mas sublinha que outros 5 milhões atuam na informalidade. As entidades atribuem o grande número de informais à “alta carga tributária que recai sobre a folha de pagamento, e da concorrência dos incentivos governamentais que acabam por favorecem a informalidade”.

O manifesto afirma ainda que, em 2033, quando encerra o prazo previsto para a transição da reforma tributária que reduzirá o cipoal de taxas e impostos pagos pelos brasileiros a basicamente dois – a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de cunho federal, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que será dividido entre estados e municípios -, as novas tecnologias de inteligência artificial, impressão 3D e realidade virtual “serão ferramentas corriqueiras e essenciais em canteiros de obras e escritórios de engenharia e projetos”.

Por isso, as entidades signatárias afirmam que “é fundamental investir urgentemente na qualificação dos  profissionais da construção civil” e acrescentam que “para atrair novos profissionais e torná-los aptos para o
enfrentamento dos desafios existentes, será necessário passar por uma modernização da legislação”.

Entre as propostas das cinco entidades, estão a permissão para que jovens aprendizes atuem nos canteiros de obras – algo vetado atualmente -, tratamento diferenciado para fins trabalhistas e fiscais de incentivos e parcelas de natureza indenizatória e a formulação de políticas públicas que incentivem a qualificação profissional do setor. Veja a íntegra do manifesto publicado pelo setor de construção civil nesta sexta:

“MANIFESTO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL 2033

Continua após a publicidade

Transformando o Agora, Construindo o Amanhã

A indústria da construção civil, alicerce do desenvolvimento econômico e social brasileiro, responsável por gerar  milhões de empregos e impulsionar diversas cadeias produtivas, vem, por meio deste manifesto, apresentar suas principais demandas e preocupações. Em um cenário de profundas transformações e desafios, reafirmamos nosso compromisso com o progresso do Brasil, mas também alertamos para a necessidade urgente de adequações regulatórias e fiscais que garantam a competitividade e a perenidade do setor.

O setor é vital para o crescimento do Brasil, com contribuição fundamental em habitação, saneamento básico e infraestrutura. Em habitação, por exemplo, historicamente, o setor tem entregado mais de 600 mil novas unidades
habitacionais anualmente, um avanço importante diante do déficit existente. Para os próximos anos, com novas tecnologias e otimização de processos, espera-se que seja possível alcançar a entrega de 1 milhão de unidades por ano, de forma consistente.

No saneamento básico, a construção civil tem sido decisiva. Recentemente, a cobertura de água tratada atingiu 85% e a coleta de esgoto 65%. Em infraestrutura, o setor registrou, nos últimos anos, a duplicação de 2.500 km de rodovias e a ampliação de 5 grandes portos. As projeções para os próximos anos incluem a expansão de 1.500 km de ferrovias, a modernização de mais 10 aeroportos e a conclusão de grandes obras de energia renovável.

Continua após a publicidade

Empregos e a Revolução Tecnológica

A construção civil é uma das maiores empregadoras do país. Em 2025, o setor mantinha mais de 3 (três) milhões de empregos formais, diretos, conforme dados do IBGE. Contudo, estima-se que mais de 5 (cinco) milhões de trabalhadores estejam à margem do número oficial em razão da informalidade existente no setor, reflexo da
alta carga tributária que recai sobre a folha de pagamento, e da concorrência dos incentivos governamentais que acabam por favorecem a informalidade.

A revolução tecnológica intensificada na última década transformou todos os setores da economia. Em 2033, tecnologias como Inteligência Artificial (IA), BIM, robótica, impressão 3D, realidade virtual/aumentada e Internet das Coisas (IoT) serão ferramentas corriqueiras e essenciais em canteiros de obras e escritórios de engenharia e projetos. Essa transformação digital, uma realizada em fase de implementação e que deverá ser impulsionada com a vigência da reforma tributária do consumo, otimiza processos e aumenta a eficiência, mas exige novos perfis
profissionais, trabalhadores que não estão chegando aos canteiros de obras.

Capacitação para Novas Tecnologias

Continua após a publicidade

É fundamental investir urgentemente na qualificação dos profissionais da construção civil. Precisamos preparar a força de trabalho para usar as novas tecnologias, com programas contínuos de treinamento, capacitação e desenvolvimento. Para atrair novos profissionais e torná-los aptos para o enfrentamento dos desafios existentes, será necessário passar por uma modernização da legislação.

Modernização da Legislação e Inclusão

A inovação tecnológica exige a modernização da legislação trabalhista brasileira, especialmente em relação a:

1. Inclusão de Jovens Aprendizes

Continua após a publicidade

É vital permitir e facilitar o ingresso de jovens aprendizes em canteiros de obras, a partir dos 14 anos de idade, no mercado de trabalho da construção civil, garantindo aprendizado em atividades seguras e livres de riscos à saúde. A flexibilidade para integrar teoria e prática é crucial para formar a próxima geração de profissionais. Para isso, será necessário revisar a legislação de aprendizagem, para permitir que novos modelos de contrato e atuação se tornem viáveis e atrativos para o setor.

2. Novas Formas de Retribuição pelo Trabalho

É necessário criar novas formas de retribuição pelo trabalho que estimulem o ganho pela produtividade, aumentem a formalização e garantam a proteção previdenciária, sem onerar excessivamente a folha de pagamento. Para o setor, é importante que incentivos e parcelas de natureza indenizatória, como as “tarefas”, tenham tratamento diferenciado para efeitos trabalhistas e fiscais, reduzindo a carga sobre o custo do emprego.

3. Adaptação Tributária

Continua após a publicidade

A total implantação, até 2033, das novas regras de tributação sobre o consumo, desonerará as atividades produtivas mediante a adoção da não-cumulatividade tributária plena. Essa medida impulsionará a formalização do setor e a sua industrialização, mediante o uso de métodos construtivos muito mais eficientes, modernos, seguros e ambientalmente sustentáveis, colocando a atividade desenvolvida no Brasil em linha com o que há de melhor nas práticas internacionais. Esse processo de industrialização, contudo, não será feito sem trabalhadores qualificados, capacitados e treinados, aptos a desenvolver suas atividades com inovação e o uso da tecnologia. Assim, um olhar atendo para o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas de incentivo à capacitação, desenvolvimento e retenção profissional de trabalhadores na indústria da construção civil é algo com o que se deve ter preocupação imediata e não apenas em 2033.

A indústria da construção civil brasileira está pronta para contribuir ativamente com a construção de um futuro mais justo e próspero para o país. Para isso, precisamos de um ambiente regulatório e fiscal que incentive o investimento, promova a segurança e reconheça as particularidades de um setor que é sinônimo de desenvolvimento.

Este manifesto é um chamado, é um convite para Governo, Empresas e Trabalhadores. Juntos, construiremos um Brasil mais forte, moderno e justo. Contamos com esta respeitável Casa para auxiliar o setor da construção galgar a
adequação da legislação, conforme apontado neste manifesto.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

MELHOR OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 16,90/mês
Apenas R$ 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Veja Negócios impressa todo mês na sua casa, além de todos os benefícios do plano Digital Completo
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.