O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta quarta-feira (8) que se as reformas estruturais não forem feitas será preciso elevar a carga tributária em dez pontos percentuais. O aumento seria apenas para cobrir o rombo da Previdência.
“Se não fizermos nada, nós teríamos de, em tese, aumentar a carga tributária em 10 pontos porcentuais do PIB só para pagar o aumento do déficit (da Previdência)”, disse o ministro em palestra em Brasília. “Se não fizermos hoje, vai ter de fazer uma (reforma) pior amanhã.”
Para Meirelles, a falta de consistência das contas púbicas é a principal razão do elevado custo de risco pago pelos ativos brasileiros.
Ele disse que o melhor cenário para a economia é o de não aumento da carga tributária. Mas reafirmou que, para cumprir a meta fiscal, a equipe econômica não descarta elevar impostos.
O ministro ressaltou que o governo não está propondo o aumento de impostos. “Em agosto de 2016 eu disse a mesma coisa. Estamos propondo nenhum aumento de imposto”, disse. “A carga é elevada, é a maior da América Latina em relação ao PIB e temos um sistema disfuncional. A melhor solução é não aumentar os tributos.”
Apesar de o país ter uma das cargas mais altas do mundo, Meirelles diz que o tema aumento de impostos não é proibido no governo. “Se for necessário, será aumentado. A questão de não aumentar impostos não é ideológica ou de atendimento de interesses setoriais”, disse. “Nosso compromisso é cumprir a meta fiscal e temos de escolher. Como na vida, é uma questão de priorizar as questões. Mas, se for necessário para cumprir a meta, teremos uma solução que prejudique menos a atividade”, comentou.
Meirelles, entretanto, disse que se a reforma da Previdência não for aprovada não haveria um “caos imediato” na economia brasileira. No entanto, isso causaria a insustentabilidade futura das contas públicas.
“Se a reforma da Previdência não for aprovada, não será o caos imediato, mas será insustentável”, disse o ministro, ao ser questionado sobre a hipótese de o texto não ser aprovado pelo Congress Meirelles disse estar está confiante na aprovação do texto.”Portanto, não cabe falar em plano B.”
Questionado sobre qual deverá ser a reação das agências de rating caso o texto da reforma seja aprovado, Meirelles disse que é “inevitável” que haja melhora da nota brasileira no futuro porque o tema melhora a perspectiva das contas públicas, mas o ministro não se comprometeu com um calendário para essa melhora da perspectiva ou da própria nota brasileira.
(Com Estadão Online)