A projeção da inflação continua a subir, refletindo o impacto da alta dos preços no país, que passaram a acelerar com a retomada das atividades econômicas e o aquecimento do consumo. Pela oitava semana seguida, analistas do mercado financeiro revisaram para cima a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo dados do Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 5, a inflação deve encerrar o ano em 2,12%, acima do previsto na semana passada, 2,05%. O valor segue abaixo da meta definida pelo governo, de 4% neste ano, e também abaixo da tolerância da meta, que varia entre 2,50% e 5,50%. No entanto, as revisões consecutivas alertam a pressão inflacionária na retomada da economia.
Apesar de sete semanas seguidas de revisão para cima, com a alta sentida principalmente em itens de cesta básica, o que faz com que a previsão para a inflação se mantenha bem comportada é o relativo controle dos preços nos núcleos. Gastos relacionados a serviços e educação estão menos voláteis, reflexo da desaceleração provocada pela pandemia, mesmo com a retomada gradual das atividades em todo o país. Em abril e maio, período mais agudo da crise provocada com a pandemia, com o fechamento de atividades não essenciais, houve deflação. Com a reabertura das atividades e a injeção de recursos transferidos pelo auxílio emergencial, a demanda aumentou e houve aceleração em alguns custos. A inflação oficial de setembro, será divulgada pelo IBGE na sexta-feira, 9.
Além da alta projetada para a inflação, analistas do mercado estimam melhora no desenvolvimento da economia melhora semana após semana. Segundo os economistas consultados pelo Banco Central, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve fechar o ano em -5,02%, contra -5,04% na semana passada. Com as melhoras consecutivas na projeção, a cada semana fica mais claro que a fase mais aguda da crise provocada pelo coronavírus ficou para trás na economia e o desafio é o aquecimento e recuperação sustentável pós-pandemia.
Após 18 semanas de revisões para baixo, acompanhando a escalada do novo coronavírus no Brasil, as projeções do PIB que chegaram a -6,54%, passaram por estabilização em junho e as previsões do PIB passaram a melhorar em julho e agosto com a reabertura gradual das atividades. Os dados do Focus não indicam uma recuperação em “V”, jargão econômico para mostrar uma volta rápida, mas, mesmo com a revisão desta semana, há indicativo de recuperação da economia, mesmo que lenta. Alguns setores, entretanto, mostram retomada mais rápida, como o comércio, beneficiado diretamente pelo auxílio emergencial.
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Clique e AssineVale salientar, porém, que a recessão é significativa e atinge o país no ano em que se esperava uma reação da economia, que dava sinais de recuperação da crise vivida entre 2015 e 2016. No início do ano, a expectativa do mercado financeiro era de que a economia brasileira crescesse 2,3%, acima dos desempenhos de 2017 e 2018 (+1,3%) e 2019 (1,1%).
A expectativa do mercado para projetar o crescimento da economia para os próximos anos, é a retomada da agenda reformista. Incertezas sobre o andamento das pautas, como a reforma tributária a e proposta de um imposto sobre transações para financiar a desoneração da folha de pagamento, bem como a fonte dos recursos para bancar o Renda Cidadã, programa que visa aumentar o bolsa família, podem gerar incerteza. Atualmente, a previsão do PIB para 2021 e 2022 continua estável em 3,50% e 2,5%.