Metade dos brasileiros adultos não frequentou a escola além do ensino fundamental, segundo os dados sobre educação da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. De acordo com o levantamento, existem 11,8 milhões de analfabetos no país, e as dificuldades atingem mais pretos e pardos que brancos.
Realizada em 2016, a pesquisa leva em consideração pessoas de 25 anos ou mais, porque são cidadãos que já poderiam ter concluído o processo regular de escolarização. No Brasil, 51% da população de 25 anos ou mais possuía o ensino fundamental completo ou equivalente; 26,3% tinham o ensino médio completo ou equivalente; e 15,3%, o superior completo.
Em 2016, o número médio de anos de estudo para essa faixa etária foi de 8 anos. No nordeste, apenas 6,7 anos. Com relação à cor ou raça, mais uma vez a diferença foi considerável, 9 anos de estudo para as pessoas brancas e 7,1 anos para as pessoas de cor preta ou parda.
“As pessoas brancas historicamente sempre tiveram mais acesso a educação. O rendimento das pessoas brancas é historicamente muito maior, então eles acabam tendo mais oportunidade”, disse Helena Monteiro, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Região
O Plano Nacional de Educação instituído pela Lei n. 13.005, de 2014, estabelece como uma das metas para 2024 que a escolaridade média da população de 18 a 29 anos alcance 12 anos, no mínimo, para alguns grupos mais vulneráveis, entre eles as pessoas pretas ou pardas e a população da região nordeste. Além disso, a meta estipula a igualdade da escolaridade média entre as pessoas pretas ou pardas e as pessoas não pretas ou pardas.
Em 2016, no grupo de 18 a 29 anos, o número médio de anos de estudo foi de 9,4 anos para a região nordeste e de 9,6 anos para as pessoas pretas ou pardas. Por outro lado, entre as pessoas brancas de 18 a 29 anos, a média alcançou 11 anos de estudo. A região sudeste apresentou a maior média de escolaridade entre as grandes regiões, 10,7 anos. “Os dados refletem muito as diferenças tanto regionais quanto históricas no País”, ressaltou Marina Aguas, também analista do IBGE.
Idade
Quando o corte etário é ampliado para 25 anos ou mais, as regiões norte e nordeste registraram os maiores porcentuais de pessoas sem nenhuma instrução (14,5% e 19,9%, respectivamente). As maiores proporções de nível superior completo ocorreram nas regiões centro-oeste (17,4%) e sudeste (18,6%).
Na região nordeste, 52,5% da população não alcançaram o ensino fundamental completo, ao passo que na região sudeste 51,1% tinham pelo menos o ensino médio completo.
Considerando a cor ou raça, as diferenças no nível de instrução se mostraram ainda maiores: enquanto 7,3% das pessoas brancas não tinham instrução, 14,7% das pessoas pretas ou pardas estavam nesse grupo. No nível superior completo, ocorreu o fenômeno oposto: 22,2% das pessoas brancas tinham terminado a graduação, mas entre as pretas ou pardas a proporção era de 8,8%.