Ministério da Saúde da Austrália congela publicidade no Facebook
Medida reage a decisão da rede social, que passou a bloquear conteúdo noticioso em reação a lei que discute remuneração do setor de mídia
A guerra aberta pelo Facebook contra o governo da Austrália e o setor de mídia do país ganhou novos capítulos. O Departamento de Saúde australiano anunciou no domingo, 21, que vai paralisar a publicação de anúncios na rede social. Desde a semana passada, a empresa de Mark Zuckerberg passou a restringir o compartilhamento e a visualização de conteúdo jornalístico local e internacional ao se opor a um projeto do governo australiano de que as Big Techs devam remunerar os meios de comunicação pelo uso de seus conteúdos.
A decisão da Austrália em suspender seus anúncios da rede social coincide com uma campanha de 20 milhões de dólares do governo para convencer a população a tomar a vacina contra a Covid-19 e contra as fake news sobre a imunização. O valor não é exclusivo para anúncios no Facebook, porém a campanha não será veiculada na rede social, afirmou o ministro da Saúde, Greg Hunt. “No meu comando, até que esse problema seja resolvido, não haverá publicidade no Facebook”, disse.
A batalha travada pela rede de Mark Zuckerberg com a Austrália ocorre porque o Parlamento do país está legislando sobre como o Facebook e o Google devem pagar para compartilhar o conteúdo produzido pelas empresas de jornalismo. É uma tentativa de salvar o setor de mídia, que perdeu receita nos últimos anos após a mudança da publicidade no mundo, que migrou em parte para as redes sociais e para o Google. Na última quinta-feira, o Facebook passou a bloquear o compartilhamento de notícias. Segundo a empresa, a medida foi tomada “com dor no coração” porque os legisladores não entenderam o relacionamento da rede com o setor de mídia.
“A pesquisa do Google está inextricavelmente ligada às notícias e os editores não fornecem voluntariamente seu conteúdo. Por outro lado, os editores optam por postar notícias no Facebook, pois isso lhes permite vender mais assinaturas, aumentar seu público e aumentar a receita de publicidade”, disse o Facebook em comunicado. O Google chegou a ameaçar de interromper seu serviço de busca em todo o país, mas acabou chegando a um acordo com o grupo News Corp, do australiano Rupert Murdoch, dono de títulos como The Wall Street Journal e The Times.