O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta terça-feira que não há canal de contágio da economia brasileira com a situação da Argentina, cujo governo anunciou intenção de negociar ajuda com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O baixo déficit das contas externas e as altas reservas internacionais deixam o Brasil em situação confortável, segundo o ministro, que disse não ver motivo para não apoiar um pacote do FMI para o país vizinho.
“Então não vejo nenhum impacto. Uma situação completamente diferente da argentina”, disse após participar de audiência pública no Congresso Nacional.
A Argentina está buscando um acordo com o FMI para lidar com a recente volatilidade do mercado, que levou à queda do peso e ao aumento da taxa de juros para 40%, disse o presidente argentino, Mauricio Macri, nesta terça-feira.
Por sua vez, o dólar fechou pelo segundo dia consecutivo em alta ante a moeda brasileira, em dia marcado por tensão nos mercados externos com a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã. Questionado sobre o comportamento do câmbio no Brasil diante dos riscos geopolíticos, Guardia se limitou a fazer considerações sobre o preço do petróleo.
“O que eu vi até o momento é um possível impacto em preço de petróleo. Isso afeta a economia mundial. Então isso pode ocorrer, pode ter algum impacto sobre preços. Mas aí prefiro acompanhar isso com mais cuidado”, disse.
“A situação internacional pode mudar ao longo do tempo, já vimos isso no passado. O que a gente tem é que continuar firme na direção das reformas, que é o que a gente sempre vem falando”, acrescentou.
O dólar fechou em alta nesta terça-feira, próximo ao patamar de 3,57 reais, num dia marcado por tensão nos mercados externos após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado que retomará sanções econômicas contra o Irã e retirará seu país do acordo internacional concebido para impedir Teerã de obter uma bomba nuclear. As sanções econômicas ao Irã podem afetar a produção e exportação de petróleo do país, afetando os preços da commodity.
Preços mais caros de petróleo impactam a inflação e podem levar o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, a ser mais austero e elevar mais do que o esperado os juros, o que poderia atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em mercados considerados de maior risco, como o brasileiro.