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‘Não estamos vivendo uma bolha’, diz presidente da B3 sobre IPOs de techs

Gilson Finkelsztain afirma que a valorização de empresas de tecnologia é fruto de uma mudança de portfólios dos investidores

Por Luisa Purchio Atualizado em 22 fev 2021, 08h15 - Publicado em 22 fev 2021, 08h00
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  • Presidente da B3, a bolsa de valores de São Paulo, desde 2017, Gilson Finkelsztain comemora a onda de aberturas de capital na bolsa que fez com que as próprias ações da companhia tivessem uma valorização expressiva no último ano. Se no início de 2020 os papeis da B3 custaram no máximo 52 reais, um ano depois elas atingiram o recorde de 62 reais, uma valorização de quase 20%. O CEO fala sobre a tendência das empresas de tecnologia brasileiras, como mostra reportagem de VEJA nesta semana, que estão abrindo capital (IPO). A exemplo do que ocorreu na Nasdaq, a bolsa de tecnologia americana, esse nicho cresce no mercado brasileiro em número de empresas e em valorização de ações.

    A que o senhor atribui o aumento no número de empresas de tecnologia realizando IPO na B3?
    Sem dúvida nenhuma isso reflete o desejo dos gestores e investidores de diversificar as suas carteiras de ações com empresas com tecnologia embarcada, ou seja, empresas que podem escalar seus negócios através da tecnologia. Essa foi a história que se viu nos últimos anos nos Estados Unidos, então, acho que é uma tendência de rebalanceamento dos portfólios. A inspiração vem de algumas empresas que estão na Nasdaq e de várias outras que receberam aportes e cresceram muito no mundo digital, se mostrando consolidadoras de mercado e que desafiaram os modelos tradicionais.

    Então, o movimento no Brasil é inspirado no boom da Nasdaq com as ações das techs, durante a pandemia?
    O maior exemplo obviamente é a Amazon, que durante muitos anos se mostrou um negócio não lucrativo, de difícil viabilidade por sua logística, mas que, depois de quase dez anos, se torna a maior empresa do mundo. Isso obviamente é um exemplo específico, mas existem vários outros de empresas que conseguiram escalar os seus negócios, por meio do mundo digital, e consolidar os seus setores. Os gestores querem ter dentro dos seus portfólios a opção de ter algumas dessas empresas que um dia podem crescer a ponto de se tornar uma das grandes campeãs de seus setores.

    Algumas empresas de tecnologia cresceram muito após abrirem IPO no Brasil. Estamos diante de uma bolha?
    Quando olhamos os números do mercado e os preços do Ibovespa, que se encontram em patamar muito próximo do qual estavam há um ano atrás, apesar de toda essa crise, a gente vê que o movimento parece muito mais ser um rebalanceamento de portfólios do que uma grande onda de compras exclusivamente de empresas de tecnologia. As carteiras de investimento no Brasil sempre foram de setores tradicionais, que representavam a economia brasileira, commodities, finanças, indústria, um pouco de varejo. Nos últimos anos, quando a gente compara o Ibovespa com os índices lá de fora, como o S&P, vemos a subrepresentatividade dessas empresas com tecnologia embarcada. Além disso, muitos desses IPOs não estão saindo a qualquer preço. Os gestores têm sido bastante seletivos. Esses são dois indicadores que me fazem crer que não estamos vivendo uma bolha. Muitas dessas empresas de tecnologia tem uma relação preço e lucro muito elevada, porque se prevê que vão crescer demais. Isso reflete um pouco da expectativa dos gestores de que vai haver consolidação no setor e de que algumas empresas serão realmente muito vitoriosas nesse cenário em que a tecnologia faz a diferença.

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