Primeiro, a Ambev anunciou o fim de seu camarote vip na Marquês de Sapucaí, depois de 26 anos de presença cativa no sambódromo carioca. Depois, alguns dos mais famosos blocos do carnaval de Salvador comunicaram que não desfilariam neste ano ou reduziriam o número de apresentações por causa da crise econômica e da falta de patrocínio.
As fabricantes de bebidas, tradicionais patrocinadoras das festas de carnaval, não informaram o tamanho da redução no investimento no Sambódromo e em Salvador. Mas o fato é que, com a multiplicação dos blocos e dos carnavais de rua pelo Brasil, a verba que elas destinam ao patrocínio dos festejos de fevereiro acabou se desconcentrando e foi dividida por um maior número de cidades.
A Antarctica, por exemplo, que montou o Camarote da Boa na Sapucaí, no ano passado, não participará do desfile das escolas de samba – economizando, pelo menos, 8 milhões de reais no processo. O rótulo, no entanto, patrocinará 386 blocos de rua no Estado do Rio e 82 no Distrito Federal – um aumento 35% no número dos blocos em relação a 2016. “(Os blocos) fazem o maior carnaval do país. Faz sentindo concentrar neles”, diz Bruna Buás, diretora da marca.
A Skol fará ações em 11 cidades, inclusive em algumas em que o carnaval não é reconhecido nacionalmente, como Ribeirão Preto e Campinas. Essa investida no interior paulista é reflexo do fato de uma das metas da marca para 2017 ser a expansão no Estado de São Paulo.
“Investiremos em um mix de cidades mais importantes e em locais em que as festas são latentes. Estaremos onde entendemos que há potencial para aglomerar pessoas. Antes o carnaval era muito centralizado, agora alcança mais gente”, diz Maria Fernanda de Albuquerque, diretora de marketing da Skol.
Essa mudança de direcionamento das marcas tem beneficiado as prefeituras. Em 2016, o carnaval de rua de São Paulo custou 10,5 milhões de reais, com 50% dos recursos vindos dos cofres públicos. Neste ano, a gestão de João Dória levantou 15 milhões de reais, em movimento liderado pela Skol.
Além de ser a cerveja oficial nos dias de festa, a Skol patrocinará 62 blocos paulistanos. Mas a marca da Ambev não estará sozinha. A Amstel, da Heineken, que no ano passado foi a patrocinadora de São Paulo, perdeu a concorrência, mas arrematou os quatro maiores blocos da cidade. Alguns blocos conseguiram até dobrar o apoio de 2016, que havia sido de 80.000 reais. A maioria dos grupos, porém, não consegue mais de 10.000 reais.
Rainha do camarote
Com toda essa disputa pelos blocos, a Sapucaí ficou em segundo plano. A Brahma estará dentro do Camarote 1, mas com presença bem menor do que em outros anos. O maior patrocínio no Sambódromo será do Grupo Petrópolis, dono da Itaipava. “A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) não tinha outras marcas no radar e nos fez o convite”, conta a gerente de propaganda da Itaipava, Eliana Cassandre.
Com aporte de 15 milhões de reais, a Itaipava virou a marca oficial do desfile carioca e será a única a ter um camarote exclusivo no local. “Houve aumento no investimento, por causa da parceria com a Liesa. Nos pareceu interessante ser a única a estar na Sapucaí”, acrescenta Eliana.
O Grupo Petrópolis também apoiará camarotes em Salvador e no Recife, além do pré-carnaval de Olinda, num gasto total de 32 milhões de reais. Com essas ações, espera um crescimento de 3% nas vendas no período.
(Com Estadão Conteúdo)