Nos últimos dias de Trump, Bolsa de NY desiste de remover ações chinesas
NYSE havia anunciado que retiraria três empresas de telecom para cumprir uma ordem executiva do governo americano
A NYSE, bolsa de valores de Nova York, decidiu que não irá retirar da listagem as estatais chinesas de telecomunicações. A reviravolta, sem maiores explicações, ocorre quatro dias após a NYSE anunciar que retiraria as ações para cumprir uma ordem executiva do governo americano assinada por Donald Trump. A bolsa citou “consulta às autoridades regulatórias relevantes” para a reversão, em um breve comunicado na noite de segunda-feira, 4.
A reviravolta acontece poucos dias antes de Joe Biden assumir o poder e passar a dar o tom da relação comercial com os chineses. Embora o presidente da China, Xi Jinping, tenha dito em uma mensagem de parabéns a Biden que espera “administrar as diferenças” e se concentrar na cooperação, a tensão entre os países ainda paira.
Na virada de ano, a NYSE anunciou que encerraria as negociações das ações da China Mobile, China Telecom e China Unicom, controladas pelo governo chinês. O movimento de retirada das empresas da listagem seria necessário para cumprir uma ordem executiva que o presidente Donald Trump assinou no final do ano passado, proibindo americanos de investirem em empresas que sejam de propriedade ou sob influência dos militares chineses.
A proposta inicial de fechamento de capital da NYSE, anunciada na véspera de ano novo, marcou a primeira vez que uma bolsa americana divulgou planos para remover empresas chinesas como resultado direto da crescente tensão entre as potências, acelerada durante o governo Trump.
O republicano, que está de saída do governo, travou uma verdadeira batalha comercial com a China alegando práticas desleais do país asiático. Durante o seu mandato, Trump impôs tarifas sobre as importações da China e realizou uma campanha agressiva contra empresas de tecnologia chinesas, medidas que muitas vezes provocaram críticas vindas de Pequim.
Nesta terça-feira, 5, após a decisão da NYSE de não parar as negociações dos papéis chineses, o Ministério das Relações Exteriores da China reiterou suas ressalvas ao governo americano, que tem “reprimido desenfreadamente as empresas estrangeiras listadas no país”. “Esperamos que os Estados Unidos respeitem o mercado e o Estado de Direito”, disse o porta-voz Hua Chunying em entrevista coletiva.