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Fintech quer distância do que aconteceu com o Nubank

Creditas busca avaliação de US$ 7 bilhões a US$ 10 bilhões, mas terá de convencer os investidores de que sua trajetória será diferente da do banco digital

Por Luana Zanobia Atualizado em 4 fev 2022, 20h23 - Publicado em 4 fev 2022, 12h21

A fintech brasileira Creditas está determinada a engatar sua listagem nos Estados Unidos. A expectativa da plataforma de crédito é alcançar uma avaliação de 7 bilhões a 10 bilhões de dólares na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na bolsa americana, que deve acontecer no segundo semestre deste ano. A empresa, no entanto, terá a árdua tarefa de convencer os investidores de que sua trajetória seguirá um curso diferente à do Nubank e das demais techs, que enfrentam um péssimo momento e amargam enormes quedas com as sinalizações de elevação da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed), banco central-norte-americano.

Para José Augusto Albino, sócio-fundador da Catarina Capital, o mercado americano está bastante bastante volátil e estressado, podendo prejudicar a definição de valor (valuation) e a distribuição de oferta, como aconteceu com o Nubank, que viu cair em até 20% o preço de suas ações frente ao seu IPO. O mercado vê uma repetição da história com a Creditas e, por enquanto, não demonstra muito entusiasmo. “O IPO do Nubank poderia ter ensinado para a Creditas que o cenário de juros altos está trazendo muita incerteza e instabilidade para que o investidor queira entrar com uma posição grande na oferta. O Nubank passa por uma grande turbulência”, diz Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research. Mas os resultados do banco ainda não convenceram a Creditas, que continua inabalável no seu otimismo de obter a maior avaliação de uma empresa brasileira nos Estados Unidos este ano.

Sergio Furio, fundador e CEO da Creditas
Sergio Furio, fundador e CEO da Creditas (Creditas/Divulgação)

Segundo os analistas da Nord Research, a Creditas e o Nubank têm mais semelhanças do que parece: ambas quiseram desafiar o establishment com oferta de taxas mais baixas das praticadas no mercado, e ambas também operaram no prejuízo desde a fundação. A Creditas foi criada em 2012 pelo espanhol Sergio Furio atuando na oferta de crédito como garantia. Com receita de 551,4 milhões de reais nos nove primeiros meses de 2021, a Creditas teve prejuízo de 215,8 milhões de reais no mesmo período.  Ela se tornou um unicórnio em 2020 – quando uma startup alcança o valor de mercado de 1 bilhão de dólares -, após receber aporte de 255 milhões de dólares, sendo avaliada em 1,75 bilhão de dólares. Desde a sua fundação, a empresa já captou 569 milhões de dólares. Atualmente, fazem parte do seu quadro de acionistas, empresas como Softbank, Advent International, Kaszek, QED e Amadeus.

A correlação feita pelo mercado da Creditas como um “Nubank Verde”, devido à proposta de concorrer com os ‘bancões’ na oferta de empréstimo pessoal com taxas menores, não deve trazer dividendos para a empresa. “A Creditas tem dificuldade para oferecer a melhor taxa e ao mesmo tempo rentabilizar o negócio, já que a proposta é roubar mercado de crédito dos bancos. No entanto, os grandes bancos são capitalizados o suficiente para negociar taxas com clientes relevantes a fim de não perderem as negociações”, avalia os analistas da Nord Research.

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O foco em crédito também torna a empresa dependente das variáveis econômicas, como crises que podem elevar a inadimplência e pesar sobre a lucratividade do negócio. Além disso, o atual momento de juros altos, que alcançou o patamar de 10,75%, reduz a demanda por crédito. Diferentemente dos grandes bancos, a empresa não consegue fazer o bloqueio judicial dos credores. “Em caso de inadimplência, a empresa toma o bem colocado como garantia. Isso cria outro grande problema porque, na verdade, esses ativos adquiridos são grandes geradores de passivos”, explica a Nord Research. Para dar vazão a esses ativos a operação hoje conta com novas frentes, como o Creditas Auto, para venda ou troca de veículo, e o Creditas Home, para venda ou troca de imóvel, além de linhas de crédito para financiar a reforma do imóvel ou a venda de carros.

Os analistas ainda apontam os riscos da empresa relacionados ao alto custo operacional com mais de 2,5 mil colaboradores, a baixa rentabilidade do segmento crédito, e a pouca margem de manobra para negociar taxas e reter o cliente como os grandes bancos. Segundo Lopes, a linha de credito é a menos rentável dos serviços financeiros e o core business da Creditas é essencialmente esse. “Apesar de parecer algo genial e inserido em uma proposta totalmente alinhada com a cultura dos brasileiros (que são grandes tomadores de crédito), a forma como o negócio existe hoje não é saudável para o longo prazo, do ponto de vista de resultados. A empresa está indo na contramão de um negócio rentável focando somente em crédito”, avalia a Nord Research.

Para crescer no longo prazo, a empresa precisa achar formas rentáveis de remunerar seu negócio e gerar valor aos seus acionistas. Para os analistas, uma dessas formas seria ampliar a atuação para seguros e serviços e seguir para um caminho de bancarização.

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