O número de brasileiros que não trabalham nem procuram emprego cresceu 1,2% no trimestre encerrado em junho deste ano. O contingente de pessoas fora do mercado chegou a 65,5 milhões, o maior resultado da série histórica medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
As pessoas que ficam fora do mercado possuem idade para trabalhar, mas não estão em busca de nenhum emprego. Geralmente, esse comportamento é motivado pelo desalento, que ocorre quando a pessoa desiste de procurar trabalho após ficar muito tempo desempregada.
Neste trimestre, mais 774.000 brasileiros ficaram fora do mercado de trabalho, na comparação com os três primeiros meses do ano. A desistência pela procura de emprego acaba contribuindo para a queda na taxa de desocupação, que recuou 12,4% em junho.
Em relação a igual trimestre do ano passado, encerrado em junho, houve um incremento de 1,2 milhão de brasileiros na quantidade de pessoas fora do mercado.
Segundo Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, a quantidade recorde de profissionais que não trabalham nem procuram emprego se deve à demora do país em se recuperar da crise financeira. “Enquanto a economia do Brasil não reagir, as pessoas não voltarão a ter esperança de conseguir emprego”, afirma.
O especialista acrescenta que o principal problema do desânimo dos trabalhadores está nos jovens. “Eles não sabem para onde ir. E o país não vai se fortalecer com mão de obra barata e desqualificada. Vamos sentir os efeitos dessa descrença no futuro”, avalia Azeredo.
O número de desempregados no período alcançou 12,966 milhões, contra 13,413 milhões nos três meses até maio e 13,486 milhões no mesmo período de 2017. Já o número de pessoas ocupadas em junho chegou a 91,237 milhões, ante 90,236 milhões um ano antes.
Neste cenário, o emprego formal continuou se deteriorando no segundo trimestre, somando 32,834 milhões de pessoas com carteira assinada, contra 33,331 milhões um ano antes, e marcando o menor volume deste no início da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012.
A pesquisa mostrou ainda que o rendimento médio do trabalhador chegou a 2.198 reais no trimestre passado, ante 2.174 reais no mesmo período de 2017.
(Com Reuters)