O Brasil recebeu quatro grandes ondas migratórias da China. A primeira, há mais de dois séculos, ocorreu por um convite de dom João VI para que camponeses de Macau viessem plantar chá em terras brasileiras. A segunda foi de capitalistas chineses que fugiam do regime comunista de Mao Tsé-tung, no fim da década de 40. A terceira começou vinte anos depois, quando centenas de famílias abandonaram a China para escapar da miséria e se tornaram pequenos comerciantes no Brasil. Muito diferente das anteriores, a atual onda migratória é composta de executivos de grandes corporações, jovens engenheiros e empreendedores que desembarcam no Brasil para fazer negócios. Nos dois últimos anos, o capital de origem chinesa liderou a aquisição de empresas no Brasil.
Se no passado as empresas chinesas procuravam as brasileiras para aprender, agora chegam para investir e trazer novas tecnologias. Foi assim com a compra do aplicativo de transporte 99, pela DiDi Chuxing, no início do ano. A empresa brasileira sabia que, sozinha, teria dificuldade para enfrentar o avanço do Uber no mercado brasileiro. Por isso foi buscar na Ásia a parceria com um competidor que poderia enfrentar a empresa americana de igual para igual. Na transação, a brasileira foi avaliada em 1 bilhão de dólares, o que dá a dimensão da relevância estratégica do mercado brasileiro para os chineses. Além do aporte financeiro, a DiDi trouxe tecnologia. Um time de oitenta profissionais chineses, em sua maioria engenheiros, está em São Paulo trabalhando em parceria com os colegas locais.
Esses técnicos trazidos pela DiDi fazem parte de um exército de 30 000 chineses que adquiriram visto de permanência no Brasil na última década. Nesse período, empresas do país asiático investiram quase 100 bilhões de dólares em compras de companhias e projetos brasileiros, sobretudo na área de infraestrutura.
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