Namorados: Assine Digital Completo por 5,99
Continua após publicidade

Como internautas e uma loja de videogames desafiaram Wall Street

As pessoas físicas foram à bolsa e, organizadas em comunidades de redes sociais, viraram perigosos predadores aos experientes profissionais de Wall Street

Por Luisa Purchio Atualizado em 28 jan 2021, 10h35 - Publicado em 27 jan 2021, 19h26
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Em apenas 15 dias, as ações da GameStop, empresa que vende jogos de videogames por meio de lojas físicas, dispararam na bolsa de Nova York. Os papeis estavam esquecidos pelos investidores — afinal o varejo físico ainda sofre com impactos da pandemia — e saltaram de 19,95 dólares para, nada mais nada menos, que 339,51 dólares nesta quarta-feira, 25. A valorização não vem por causa de uma inovação ou um movimento de mercado da companhia, mas sim por um movimento coordenado feito por usuários de um fórum. A comunidade “wallstreetbets” no aplicativo Reddit, que possuí 3,2 milhões de integrantes, resolveu se unir para comprar ações da empresa.

    Como não poderia deixar de ser, a enorme demanda disparou o preço dos papeis. E para acirrar ainda mais a guerra entre investidores profissionais e do varejo, os mais experientes investidores de Wall Street estavam certos que as ações da empresa iriam cair e os venderam “a descoberto”, ou seja, se comprometendo a comprá-las depois. Como seu preço disparou, no entanto, eles perderam bilhões de dólares em poucos dias.

    Para ajudar na divulgação, na terça-feira 16, após o fechamento dos mercados, o fundador da Tesla, Elon Musk, postou em sua conta no Twitter o link para a comunidade no aplicativo Reddit. Nesta quarta-feira, 27, a palavra “GameStop” é a primeira do Trending Topics do Twitter e uma enxurrada de comentários questiona o movimento orquestrado, enquanto outros os defendem. “Durante anos, os mesmos fundos de hedge, firmas de private equity e investidores ricos [que hoje estão] consternados com as negociações do GameStop trataram o mercado de ações como seu próprio cassino pessoal enquanto todos os outros pagam o preço”, postou em seu Twitter a senadora democrata Elizabeth Warren.

    O fato é que o movimento é reflexo de uma revolução que ocorreu no mercado de investimentos após a Covid-19. Com os juros baixos e poucas opções de investimentos rentáveis, os investidores pessoa física correram para a bolsa de valores, um movimento que ocorreu no Brasil, mas é ainda mais forte nos Estados Unidos. Por lá, esse movimento foi ainda mais acirrado com aplicativos de investimento como o RobinHood, que permitem a compra e a venda de frações de ações com muita facilidade. Durante o lockdown, as ações viraram o passatempo de muita gente, principalmente jovens. Para se ter ideia, em poucos meses, o valor movimentado pelo RobinHood ultrapassou 50% do que movimentou as maiores corretoras dos Estados Unidos em todo o ano de 2019.

    Agora, o que se vê é o segundo passo desse movimento, que já vinha dando sinais como por exemplo pela plataforma TradersClub. Estes investidores perceberam que, apesar de pequenos, juntos têm força para impactar o bolso dos gigantes de Wall Street, assim como as sardinhas que se unem para parecer tão grandes e assim afugentar um tubarão. A agência reguladora do mercado de ações nos Estados Unidos, a Securities and Exchange Comission (SEC), está sendo questionada sobre o seu papel diante desse novo influenciador dos mercados. Independentemente do desfecho desta história, uma coisa é certa: se antes os investidores monitoravam apenas fatores macroeconômicos e balanços de empresas para fazer suas apostas, agora eles têm uma preocupação a mais. A diferença é que, agora, as sardinhas também ganharam o porte de um tubarão, à altura dos de Wall Street.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.